Em julho, 4,1 milhões de pessoas físicas reportaram transações com criptomoedas, de acordo com relatório público da Receita Federal divulgado hoje. O número renova o recorde mensal da série histórica, iniciada em agosto de 2019.
A quantidade de empresas também registrou nova máxima, passando de 92 mil CNPJs que informaram transações com criptos à Receita, em julho.
"Mesmo em meio ao Bear Market [momento de queda nos preços], temos observado consecutivos recordes no número de CPFs envolvidos em negociações de criptoativos, de acordo com o relatório da Receita Federal", observa Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin.
Para ele, um dos fatores principais para esse crescimento é "a presença de outras plataformas não nativas de cripto, como alguns bancos, fintechs e corretoras de valores". "Essas instituições têm proporcionado aos seus clientes a oportunidade de operar ou, pelo menos, de ter exposição aos principais ativos do mercado de criptomoedas, especialmente o bitcoin e ethereum", aponta. "Essas plataformas, de ampla capilaridade, atraem um grande número de pessoas quando disponibilizam essas opções."
Valores transacionados
O volume total transacionado com criptos e reportado à RF, em julho, foi de R$ 18,8 bilhões. Os valores de junho foram atualizados, somando R$ 21,3 bilhões, ante os R$ 18,6 bilhões inicialmente divulgados, no mês passado.
As exchanges brasileiras, que são obrigadas a informar à Receita todas as transações de PFs e PJs, por meio da Instrução Normativa 1.888/2019, negociaram, em julho, R$ 13 bilhões.
As transações realizadas em exchanges não domiciliadas no Brasil, no mesmo período, somaram R$ 2,3 bilhões, sendo apenas R$ 34,3 milhões referentes a pessoas físicas.
As transações com criptomoedas sem o uso de exchanges, ou seja P2P (peer to peer), movimentaram, em julho, R$ 3,6 bilhões. Deste total, R$ 3,5 bilhões foram entre empresas.
Nesses dois casos, somente as transações realizadas acima de R$ 30 mil precisam ser informadas à Receita pelos próprios investidores, sejam PFs ou PJs.
Mais negociadas
As transações com a “cripto de dólar” Tether (USDT), criptomoeda pareada ao dólar, chamada stablecoin, segue liderando o volume transacionado no Brasil. Em julho, foram R$ 15,4 bilhões, o que corresponde a 82% do volume total do período. O número de operações que movimentaram essa quantia foi de pouco mais de 232 mil, com um valor médio de R$ 66 mil.
Destaque também para a USD Coin (USDC), outra “cripto de dólar”, que movimentou cerca de R$ 840 milhões, também em julho, em 39,4 mil operações.
Juntas, as duas principais stablecoins do mundo movimentaram 86% do volume total transacionado em julho.
Em comparação, o bitcoin, cripto com maior valor de mercado, movimentou R$ 737,5 milhões em pouco mais de 841 mil operações declaradas à Receita. O montante corresponde a 4% do volume total e é o menor, em reais, desde o início da série histórica, em 2019.
Os valores podem sofrer alterações com a declaração tardia dos contribuintes.