Brasil e Política

Por Rodrigo Carro e Gabriel Caldeira, Valor — São Paulo


Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a taxa de juros alta no Brasil é consequência de uma série de fatores, incluindo a política fiscal, que puxam para cima o juro estrutural do país. “A gente precisa entender que temos um tema de causa e consequência. O Banco Central determina a taxa de um dia (Selic). E se a gente determinar a taxa de um dia sem credibilidade, o juro real longo vai subir”.

Segundo Campos, o Banco Central “gostaria de ter a taxa de juros mais baixa possível”, mas questões estruturais que fogem do controle da autoridade monetária impedem uma redução maior da Selic.

Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto — Foto: Fabio Rodrigues/Agência Brasil
Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto — Foto: Fabio Rodrigues/Agência Brasil

O Campos respondia a questionamentos do empresário e banqueiro Rubens Menin, durante painel em evento do Esfera Brasil, em Guarujá, litoral de São Paulo. Menin havia dito não saber “até que ponto nós vamos aguentar essa quimioterapia pesada”, ao se referir à política monetária do Banco Central.

“A Selic não determina o prêmio de risco [do juro] longo”, argumentou Campos. “Quais foram os momentos na história do Brasil que a gente teve taxa de juro real longa caindo? Foram exatamente os momentos em que as pessoas entenderam que tinha uma credibilidade da política econômica”, disse o presidente do BC, ao citar os momentos em que o teto de gastos e o novo arcabouço fiscal foram aprovados.

Campos ainda comparou a chamada taxa neutra - que não provoca inflação nem desinflação - do Chile, de cerca de 2%, com a do Brasil que roda em torno de 4,5% a 5%, segundo ele. “Se a minha taxa de juros neutra fosse baixa, eu também viveria com uma taxa de juros real mais baixa também”, disse. “A gente precisa combater a causa do por quê os juros estruturais do Brasil são tão altos”, complementou o presidente do BC.

Convergência de dívida

Roberto Campos Neto afirmou que o que mais importa para a autoridade monetária é que haja uma convergência da dívida fiscal do Brasil, e não tanto as medidas que são tomadas no dia a dia do Ministério da Fazenda.

Durante seu painel no evento do Esfera Brasil, ele defendeu o sistema de metas do Banco Central baseado no horizonte relevante de 12 a 18 meses. “Pra gente é importante a sustentabilidade”, disse.

“Às vezes as pessoas olham muito a inflação corrente, mas se o Banco Central fizesse política monetária olhando a inflação corrente, seria como dirigir um carro olhando o retrovisor. Você vai bater o carro”, disse Campos, ao defender a tomada de decisão com base nas expectativas de inflação dos agentes econômicos, que segundo ele são “bem racionais”.

O presidente do BC ainda lembrou que foi contra as desonerações para baixar o preço da gasolina adotadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A gente faz uma desoneração, o preço abaixa hoje e aí eu tenho que aumentar o preço no ano que vem de novo se for feito de uma forma artificial. E, no final das contas, eu estou transferindo uma inflação presente para uma inflação futura”, afirmou.

Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

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