Renda fixa nos EUA com juros de 5% em dólar encanta investidor brasileiro

Segundo dados do Banco Central, maio foi o terceiro maior mês com base no valor de aplicações desde 2020

Por Marília Almeida e Marcelo D´agosto, Valor Investe — São Paulo


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Que ações de inteligência artificial que nada! Os números do balanço de pagamentos do Banco Central mostram que, na verdade, o investimento queridinho dos brasileiros no exterior são títulos de renda fixa.

Apenas em maio os brasileiros aplicaram US$ 2,2 bilhões na renda fixa lá fora, o terceiro maior volume em um mês desde 2020. O valor perde apenas de janeiro de 2024, quando foram investido US$ 2,9 bilhões na modalidade, e fevereiro deste ano, quando foram aplicados US$ 2,6 bilhões.

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De janeiro a maio deste ano os brasileiros aplicaram na renda fixa lá fora US$ 9,3 bilhões, enquanto investiram US$ 729 milhões em fundos internacionais e US$ 614 milhões em ações. No mesmo período do ano passado, foram investidos US$ 3,5 bilhões na renda fixa internacional, foram resgatados US$ 405 milhões em fundos e investidos US$ 1 bilhão em ações.

O dado engloba tanto títulos do Tesouro americano como títulos de renda fixa emitidos por empresas, além de CDs, que são títulos emitidos por bancos lá fora, algo como um Certificado de Depósito Bancário (CDB) em dólar.

As Treasuries são seguras e estão rendendo mais

Após anos próxima de zero, o banco central americano (Federal Reserve, o Fed), começou a aumentar em março de 2022 a taxa de juros que guia a economia americana, atualmente na faixa entre 5,25% e 5,5%. Consequentemente, as taxas oferecidas por títulos do Tesouro americano (conhecidos como "treasuries") atingiram no final do ano passado máximas que não eram vistas há quase duas décadas. Os juros vêm sendo mantidos no intervalo entre 5,25% a 5,5% ao ano desde julho do ano passado.

Atualmente, os títulos de um mês a 10 anos variam atualmente de 5,42% a 4,25%, o que abre oportunidade para quem quer diversificar o risco geográfico da carteira e obter uma remuneração em dólar.

A aplicação é considerada uma das mais seguras do mundo e ganha atratividade diante de um cenário de incertezas. Um dos fatores que está influenciando a alta das taxas dos títulos do Tesouro é a previsão de que o Fed precisará manter os juros elevados por muito mais tempo para conter a inflação.

Atualmente, é possível investir nos treasuries via contas internacionais, que são oferecidas por diversas instituições financeiras no Brasil e lá fora, como Avenue, C6 e Nomad. Geralmente elas estão dentro do mesmo app do banco e suas plataformas são bem similares às das corretoras por aqui.

O custo mínimo para investir nos Treasuries via contas internacionais é US$ 100. Caso o cliente prefira fundos passivos (ETFs) que aplicam nos títulos de curto prazo, como o SGOV e o TFLO, o valor mínimo cai para US$ 1.

Os ETFs são uma maneira descomplicada de surfar a onda de taxas mais altas na renda fixa americana, pois o investidor não precisa se preocupar em reinvestir o valor quando o título vencer, o que seria especialmente complicado caso ele escolha um ETF que invista em aplicações de curtíssimo prazo, com vencimento em até 3 meses.

Antes das taxas de juros americanas subirem, esses títulos de curtíssimo prazo eram irrelevantes no mercado. Agora, permitem ter retornos com baixa volatilidade. Quanto maior o prazo de vencimento dos títulos, maior é o sobe e desce.

Prédio do Tesouro americano, em Washington DC — Foto: Getty Images
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