O dólar iniciou a sessão em queda, mas logo inverteu o movimento e passou a subir firme contra o real nesta sexta-feira (28). No encerramento dos negócios, a moeda americana valorizava 1,51% e era cotada a R$ 5,590. Nas máximas da sessão atingiu R$ 5,598. É o maior nível em mais de dois anos em meio. No dia 10 de janeiro de 2022, a moeda americana encerrou cotada a R$ 5,674. No semestre, a moeda avançou 15,17% em relação ao real.
O semestre foi ruim para o real por conta das expectativas em relação às contas publicas, que vêm se deteriorando bastante, aponta Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos. Além disso, a comunicação do governo não tem sido amigável com o mercado e tem deixado muitas dúvidas sobre o rumo dos juros no país. "Isso trouxe um sentimento de aversão ao risco que impactou os ativos no Brasil, principalmente o real".
Lá fora, fica cada vez mais claro que o banco central americano, se cortar juros, será apenas no fim do ano. Ontem, houve o primeiro debate presidencial americano e o candidato democrata Joe Biden não foi bem, deixando dúvidas sobre se será substituído. "Isso cria uma maior aversão a risco, e quando isso acontece os investidores preferem levar seu dinheiro para a moeda considerada segura, que é o dólar. Por isso a moeda vem se valorizando globalmente e o dólar avança tanto sobre o real desde o início do ano".
Viotto não vê teto para a moeda americana ante o real, que, em sua visão, pode atingir R$ 5,70 nas próximas semanas salvo haja alguma mudança na comunicação do governo, seja divulgada uma medida para conter gastos e seja registrado um maior alívio na inflação nos Estados Unidos.
Na última sessão do semestre, operadores de câmbio apontaram que a formação da taxa de referência para o dólar, que acontece no último dia do mês, foi o principal fator para a forte desvalorização do real, mas não descartaram uma extensão do mau humor dos investidores com a condução da política econômica e as incertezas crescentes.
Nesta manhã, o mercado acompanhou falas dos presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Lula repete críticas que tem feito à interrupção do ciclo de cortes da Selic, estacionada agora nos 10,50% ao ano. A autoridade monetária, por sua vez, aponta para a sensação de risco crescente entre investidores sobre o futuro das contas públicas.
Para Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas, a incerteza fiscal e política, com o embate entre Campos Neto e Lula, ajudam o real a se depreciar ante o dólar.
Lá fora, a inflação americana desacelerou em maio, mostrando que os próximos dados serão importantes para que o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) possa cortar os juros em setembro.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, indicador preferido do Banco Central americano para definir os próximos passos dos juros, registrou uma queda de menos de 0,1% em maio, desacelerando frente a abril, quando cresceu 0,3%. Em março e fevereiro o indicador também havia avançado 0,3%.
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, depois de três meses de dados surpreendendo positivamente acima do esperado, no primeiro trimestre do ano, pode ser vista uma desaceleração da economia americana que parece estar sendo finalmente refletida nos níveis de preços".
"Após um dado positivo no mês de abril, maio trouxe novamente a continuidade da necessária trajetória de desaceleração de preços, a qual pode abrir espaço para um ciclo de queda dos juros no país".
Ontem (27), o dólar encerrou a sessão em queda ante o real, seguindo uma desvalorização da divisa americana no exterior. No encerramento dos negócios, fechou em queda de 0,22%, a R$ 5,506.
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