Blog do Nelson Niero

Por Nelson Niero

Jornalista e Editor de S.A. no Valor Econômico

Valor — São Paulo


O governo chinês não desistiu de segurar os preços das commodities, mas já sabe que a tarefa não será fácil. Ontem, o minério de ferro voltou a subir com força, 4,4%, retomando a tendência de alta que vem sendo a tônica desse mercado. Em US$ 198,83 por tonelada, o minério fecha maio em alta de 5,3% e acumula uma valorização de 24% no ano.

Não que os esforços de Pequim tenham sido em vão. As medidas para conter a “especulação e manipulação”, que incluíram reuniões de convencimento com os produtores locais e proibição de investidores pessoa física negociarem contratos de commodities, derrubaram o minério do patamar recorde de US$ 237 por tonelada. Era um valor estratosférico, que não teria mesmo como se sustentar por muito tempo. Os metais como cobre também recuaram de suas altas, porém não se espera uma correção acentuada no curto prazo desses insumos.

O que vai ajudar os produtores, e deve continuar a preocupar os governantes, é a manutenção dos preços em patamares altos por um período longo — o que alguns analistas já chamam de um novo superciclo das commodities, que viria na esteira da recuperação das economias globais no pós-pandemia.

“Tivemos um choque muito forte de demanda com o gasto maciço dos governos para recuperar as economias de cerca de 20% do PIB mundial”, disse recentemente ao Valor Felipe Hirai, sócio e gestor da Dahlia Capital. “Devemos conviver com esses preços por mais alguns anos.”

Não importa o nome que se dê a esse movimento. O fato é que o trem já deixou a estação e o cenário está mudando. Ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que espera alta significativa da inflação, e lembrou do forte impacto dos preços da commodities desde o ano passado.

Se a pressão inflacionária é uma preocupação, por outro lado as contas externas ganham um reforço extraordinário. Do lado dos produtores trata-se de uma chance histórica de recompor os balanços depois dos anos de vacas magras. Acionistas e funcionários são diretamente favorecidos, e a Receita Federal não tem do que reclamar.

A Vale, maior exportadora do país, reservou quase R$ 10 bilhões no fim de março na conta do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro. Isso porque ela lucrou R$ 40 bilhões antes dos tributos, algo inédito na história da mineradora, com a venda de produtos minerais, especialmente o minério de ferro, principal matéria-prima do aço.

Esse desempenho do setor mineral-siderúrgico vêm sustentando o mercado acionário brasileiro em meio à pior pandemia mundial desde a Gripe Espanhola. Ontem, Vale e siderúrgicas empurraram a B3 para um novo recorde em dois pregões, a quarta alta consecutiva do Ibovespa e terceiro mês de valorização.

Isso significa que, além dos beneficiados listados acima, o mercado de capitais só tem a ganhar com uma alta sustentada — e sustentável — das commodities minerais. Ontem, a mineradora de cobre australiana 29Metals, que também opera no Chile, anunciou que vai fazer uma oferta de ações que pode chegar a U$ 471 milhões, o que seria a segunda maior do ano, segundo a Bloomberg. O preço do cobre — que a Vale também produz — chegou ao seu maior nível em quase dez anos, o que aumenta o interesse de investidores em busca de bons ativos e alternativas às empresas que já estão no mercado.

Só na bolsa australiana (ASX) foram 42 ofertas públicas iniciais nos últimos doze meses de negócios relacionados a mineração, segundo dados compilados pela Bloomberg. No Brasil, não há nada parecido como essa exuberância mineral. Recentemente, a CSN Mineração abriu o capital e, no ano passado, a Aura Minerals inaugurou o segmento de produtoras de ouro na bolsa. Das 40 empresas à espera de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), só a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do grupo Votorantim, estaria habilitada a pegar essa onda. É pouco para um país com 229 minas em operação, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Mineração (ANA).

Nelson Niero — Foto: Divulgação
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