Olá, pessoal!
Você já tremeu na base quando alguém te perguntou o que você espera estar fazendo daqui a 5 anos? Eu sempre engasguei. Não porque eu não sonhasse, não me imaginasse – pelo contrário, sempre fui mais aquela pessoa que vive no futuro do que no presente. O que acontece é que eu sempre tive medo de fincar uma ideia como “o caminho” que quero seguir. A vida é dinâmica e gosto de olhar as oportunidades que vão aparecendo e traçar estratégias a partir daí. Me parece muito definitivo dizer, ali, de bate-pronto, o que eu almejo.
Cada um pode ter seus motivos para engolir seco quando alguém faz essa pergunta, mas uma coisa que tenho percebido cada vez mais com clareza é que deixar de ter um plano (que pode mudar, e tudo bem) acaba sendo prejudicial para nós.
O tema me chamou a atenção quando escrevi uma reportagem sobre uma pesquisa feita pela StartSe, plataforma de conteúdo e eventos sobre temas da nova economia, em parceria com a OpinionBox. Ao ouvir 783 mulheres em posições de liderança em todo o Brasil, eis que estava lá, em 7º lugar como principais barreiras mentais para nosso sucesso, ele: o plano de carreira.
A pergunta era: “Pensando nas frases abaixo e considerando o seu contexto profissional atual, o quanto você concorda com cada uma delas?”. Somando quem concordou totalmente e quem concordou parcialmente, 39% admitiram ter “dificuldade em desenvolver e executar um plano de carreira que me ajude a crescer profissionalmente”.
Vocês certamente já ouviram aquela famosa frase do livro Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”, não? É bem por aí. Sem direção, não sabemos muito bem quais as habilidades que precisamos, com quais pessoas precisamos nos conectar, quais oportunidades não podemos perder e em quais podemos dizer ‘não’ com mais firmeza porque foge do rumo.
E vou te contar qual o maior problema disso: a gente primeiro sai fazendo de tudo, falando muito mais ‘sins’ do que ‘nãos’ porque as possibilidades estão todas aí OU tem gente que paralisa. E em segunda, a gente se cansa (imagine a energia gasta para seguir todos os caminhos possíveis) e se frustra porque não vemos resultado (se não tem meta, não tem o resultado a ser atingido e nem a conquista). Falo por experiência própria: sou mestra em fazer isso!
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Por que fazer um plano de carreira?
O plano de carreira é consequência de uma inquietação interna por mudanças. Não estamos satisfeitas (ou felizes)(ou não vemos sentido) com a nossa situação atual na carreira.
Juliana Sayum, especialista em gestão de imagem e gestão de carreira, diz que há três grandes motivações que chegam a ela nas mentorias de carreira:
- Mulheres que não trabalham com o que as motivam, com o que as preenche, ou que não veem mais propósito no que fazem. Sabe aquela atividade que não dá mais prazer, onde ela não se identifica mais? E daí se sentem perdidas e sem total clareza do que fazer, qual área seguir, o que podem oferecer ao mercado de trabalho. E vem os questionamentos: “Será que tenho que mudar de carreira? Será que tenho que abrir um negócio? O que eu faço?”
- Aquelas que já chegaram em um determinado momento de vida, e estão lá com seus 40 e poucos anos, e começam a pensar: “Nossa, mas o que posso fazer daqui a alguns anos? E quando me aposentar...? E se for desligada? O que posso pensar como plano B? Quais são as minhas possibilidades?”
- Mulheres que gostam do que fazem, mas se sentem subaproveitadas onde estão, não são mais desafiadas como gostariam, ou que seus valores e princípios estão em conflito com a empresa.
“Eu costumo dizer que a gestão de carreira é tão importante quanto fazermos a gestão de nossas finanças. Não adianta só querer pensar em economizar quando não se tem mais renda, por exemplo. Ou não cuidar do que se ganha, deixar o dinheiro ali na conta corrente, só porque está numa situação mais confortável”, diz, mandando muito bem na analogia.
“A gestão de carreira é igual, algo que precisa ser feito não só para remediar uma dor quando eventualmente foi desligada, ou quando não se sente mais valorizada, ou quando passou por um prejuízo na saúde, ou por não se sentir mais reconhecida, ou ainda quando se quer ter uma ideia de plano B por estar próxima de se aposentar”, completa.
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Para ela, ter um plano de carreira é sobre responder melhor as adversidades da vida profissional e pessoal. É sobre tomar mais as rédeas, assumir mais o comando, e saber como tomar as melhores decisões. Como se sentir mais segura em suas escolhas e mais confiante nos passos a tomar pela frente.
“Ela ajuda a esclarecer, dar clareza, trazer novas perspectivas e possibilidades, não só a curto prazo, mas a médio e longo prazos. Uma forma de planejamento que não se trata somente de estabelecer metas, mas por entender estas metas, e o que está por trás de tudo isso.”
Por metas, ela não quer dizer só questões materiais, como: quero ganhar em 'X' tempo tanto de dinheiro. Mas também coisas mais subjetivas, como: que projetos e assuntos quero me associar; qual ambiente de trabalho é importante para mim que vai ao encontro aos meus valores e prioridades. É sobre ter mais clareza de quem está por trás destas metas – e aqui, volto mais uma vez na técnica mais ‘matadora’ de todas para conseguir ver isso: o tal do autoconhecimento, conhece?!
“A meu ver, uma das coisas mais interessantes enquanto efeito e ressonância deste processo é: fortalecimento da autoestima e autoconfiança feminina. Já que a mulher consegue enxergar e se apropriar de seus potenciais e alternativas. E de como se posiciona nele melhor com mais autenticidade também. Porque sabe quem ela é, dos seus diferenciais e das perspectivas que tem pela frente. Ela enxerga isso. Fica mais claro”, finaliza.
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Perguntas prévias
Veja as perguntas “esquenta”, que ajudam a refletir previamente, para quem quer montar um plano de carreira:
- Quem é você? Quais são seus diferenciais e potenciais?
- O que você oferece no mercado de trabalho e pode ampliar em seu escopo de atuação?
- Onde quer chegar profissionalmente?
- Quais são os seus termos de sucesso?
- Do que você não abre mão para alcançar o que quer?
- Como você pode se comunicar e se posicionar melhor para que as pessoas entendam o seu valor? Será que elas sabem do seu valor?
Gostou do assunto? Se interessou por montar um plano para sua carreira? Na próxima coluna do Naiara com Elas vou trazer dicas práticas sobre como montar esse tal plano. Não perca!
Dúvidas, sugestões, críticas ou elogios? Mande para mim: naiara.bertao@valor.com.br com o assunto “Blog Naiara com Elas – Plano de Carreira”.
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