Um Só Planeta
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Por Renata Kalil


O seu creminho facial acabou... e agora? Antes de descartá-lo e sair correndo para comprar um novo (#quemnunca?), pare e pense que ele ainda pode ficar no planeta por mais uns bons duzentos anos. Parece extremado? Nem um pouco. Manter (ou criar) esse olhar sustentável sobre a sua rotina, incluindo os seus produtos de beleza, é o ponto de partida para discutirmos a sustentabilidade.

Isso porque a indústria da beleza no Brasil representa o quarto maior mercado do setor no mundo (atrás de Estados Unidos, China e Japão), e o País é o quarto no ranking dos que mais geram lixo plástico. “Ele está presente nas embalagens e fórmulas de seus hidratantes, shampoos, cleansers e por aí vai, em partículas tão pequenas que são impossíveis de serem vistas a olho nu ou filtradas na hora do descarte, no enxágue, por exemplo”, explica Jeannie Jarnot, ativista norte-americana fundadora da plataforma Beauty Heroes e criadora de um dos conceitos sustentáveis mais recentes, blue beauty (beleza azul, na tradução literal).

Para onde vai todo esse plástico? (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Para onde vai todo esse plástico? (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

O movimento tem como principal objetivo fazer com que a indústria devolva recursos à natureza, além de prezar pela conservação dos oceanos emares por meio da redução de geração de plástico e produtos cosméticos livres de PEGs, que impactam diretamente as redes hídricas e, consequentemente, nossa saúde.“Derivados de petróleo e polímeros sintéticos, tais resíduos chegam até os oceanos onde acabam ingeridos por peixes, que são consumidos por nós, além de criarem uma série de outros desequilíbrios”, alerta Cris Dios, fundadora da marca sustentável Laces and Hair. Tá, mas o que isso tem a ver com a sua adorada rotina de skincare? Tudo, já que a indústria cosmética, de modo geral, está formatada para extrair recursos, produzir e descartar de modo sistêmico, sem repor nada à natureza.

Quando falamos de plástico, existe um agravante ainda pior: mesmo com o fato de os produtos poderem ser reciclados ou reutilizados, não significa que isso vai acontecer, necessariamente. É aí que entra o trabalho de mudança de hábito e reeducação. No Brasil, das 11,3 milhões de toneladas de resíduo plástico produzidas por ano, apenas 1,28%, o equivalente a 145 mil toneladas, é de fato reciclado e reinserido na cadeia produtiva. “Reciclar e consumir menos, de forma consciente, é uma questão de ética, de respeito a nós mesmos”, afirma Fe Cortez, ativista idealizadora do projeto Menos 1 Lixo. Neste primeiro semestre, ela lança uma web série sobre a importância da prática da reciclagem e como reduzir lixo.

A verdade é uma só: é necessário agir. Nas próximas páginas, te contamos um pouco mais sobre as novas iniciativas sustentáveis de beleza e como você pode começar aí, no seu banheiro...

Atenta aos pilares da ação criada pela ecoempreendedora Jeannie Jarnot:
• As marcas devem devolver recursos à natureza
• O blue beauty atua também na conservação dos oceanos
• PEGs e silicones não fazem parte de produtos do movimento
• Saúde humana e preservação ambiental andam juntas

Limpeza sólida

Produtos capilares sem embalagem ou que eliminam garrafas de plástico estão em ascensão. A-ma-mos essa alternativa, olha só:

ARES DE MATO | BE PLUS CARE | B.O.B (Foto: divulgação) — Foto: Glamour
ARES DE MATO | BE PLUS CARE | B.O.B (Foto: divulgação) — Foto: Glamour

ARES DE MATO O shampoo sólido da marca leva extrato de murumuru, abacate e limão-siciliano. Para maior duração, eles indicam guardar a barra em uma saboneteira (R$ 40).

BE PLUS CARE À base de óleo essencial de lavanda, este condicionador sólido dura cem lavagens e é livre de diversos componentes tóxicos (R$ 47).

B.O.B Sigla para Bars Over Bottles (barras no lugar de garrafas). A marca é plastic-free e faz xampus e condicionadores em barra, todos veganos e cruelty-free (R$ 39), que deixam os fios belos, sim.

Bora pensar nos refis

Segundo o LCA Centre, grupo holandês que estuda o impacto ambiental das embalagens no mundo, cerca de 70% das emissões de carbono do setor de beleza poderiam ser eliminadas se os consumidores adotassem refis de produtos. “Mais do que novidades com abordagem sustentável, as pessoas devem revisar as marcas. Linhas com menos produtos, menos embalagem, itens repensados”, diz Bruna Ortega, expert em beleza na WGSN. A novíssima Kiima, marca de desodorantes veganos, é um exemplo de inovação: além de aplicador refilável, eles ensinam a receita da fórmula para os consumidores poderem fazer o seu produto em casa se preferirem.

Para onde vai todo esse plástico? (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Para onde vai todo esse plástico? (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Responsa das gigas

Gigantes da indústria têm se mobilizado em torno da questão ambiental e da crise do plástico que vivemos. O Boticário, por exemplo, inaugurou um projeto inédito: sua primeira loja sustentável, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Em 2020, a L’Oréal e a Unilever firmaram compromissos de sustentabilidade, que incluem garantir que todas as suas embalagens plásticas sejam recicláveis até 2025. Já a campanha “Ouça o Chamado dos Oceanos”, da Natura, também faz apelo para a conscientização sobre o lixo plástico nos mares, e marcas com bandeiras que antes se concentravam em outras causas, como beleza vegana e cruelty-free começam a se movimentar em prol do impacto mínimo. A KVD Vegan Beauty e sua recém-lançada paleta de sombras The Edge of Reality é um exemplo: 100% reciclável e a primeira desenvolvida sem espelho ou ímãs. Obrigada, empresas, por repensarrem sua logística. O planeta agradece e nós também!

As ecoembalagens

AVEDA | CRIS DIOS ORGANICS | BIOSSANCE (Foto: divulgação) — Foto: Glamour
AVEDA | CRIS DIOS ORGANICS | BIOSSANCE (Foto: divulgação) — Foto: Glamour

AVEDA Cerca de 85% das embalagens da Aveda são 100% compostas de resíduos recicláveis.
CRIS DIOS ORGANICS A tecnologia Go Green acelera o processo de decomposição – de 200 para 5 anos.
BIOSSANCE Possuem fibra de cana-de-açúcar sustentável e caixas certificadas pela Forest Stewardship Council (FSC).

Os dados usados nesta matéria foram levantados pela Euromonitor e WWF (World Wild Fund for Nature)

Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui.

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