Lifestyle
Publicidade

Por PAULA MERLO


Paula Merlo e sua mãe (Foto: Arquivo Pessoal) — Foto: Glamour
Paula Merlo e sua mãe (Foto: Arquivo Pessoal) — Foto: Glamour

Sempre tive um ótimo relacionamento com a minha mãe. Não lembro, além daquela fase difícil chamada adolescência, de ter tido qualquer tipo de discussão ou briga com ela. Nossa relação é tão legal que a chamo de amiga.

Quando decidi que queria ser mãe, ela foi a primeira a saber que a pílula tinha ido para o lixo. Quando o primeiro ano sem eu conseguir engravidar passou, foi a primeira a me ouvir chorando de frustração. Quando decidi que ia recorrer à medicina para ter um bebê, me apoiou, me pegou no colo e me falou todos os dias que eu ia engravidar, que ia dar certo.

A cada tentativa frustrada (uma inseminação e dois in vitro) explodia com ela que, tendo engravidado com a maior facilidade por três vezes, me ouvia e repetia com paciência e delicadeza: “Meu amor, você vai ficar grávida. Vai acontecer.”

Fui para a sala de parto antes dela chegar ao hospital. Queria ter visto sua carinha antes de conhecer meu bebê só para escutar, de novo, que tudo ia dar certo. Minha mãe – e acho que todas – tem o dom de acalmar mais que um Frontal sublingual. O trânsito atrapalhou. Quando meu amor nasceu, pensei nela. Em como ela tinha passado por aquilo tantas vezes e tão nova. Quando vim ao mundo ela tinha só 19 anos. Uma bebê tendo um bebê.

Na volta ao quarto, ainda anestesiada, lá estava ela. De blusa estampada com Nossa Senhora de Guadalupe, de quem sou devota e a santa do dia 12 de dezembro, data do nascimento da minha filhota, segurou minha mão, encostou a cabeça na minha e não disse nada.

Dormimos juntas aquela primeira noite no hospital. Minha insegurança era tamanha em não saber como agir com um pingo de gente, que não cogitei ter outra pessoa naquele quarto. Ninguém me traria mais paz que ela. Ninguém. E olha... a Eleonora chorou muuuuuito. Era frio? Fome? Xixi? Cocô? Mãe de primeira viagem é um bicho muito louco. O bebê chora, ela chora. Bate um desespero por você não saber nada... Mas a mãe da mãe sabe. A Eleonora, como eu, só queria um colinho.

Nosso chororô durou duas semanas. Acho que era o cansaço misturado à adaptação... E lá vinha ela, me amparar, segurar minha mão. Incansável, generosa, amorosa, uma rocha.

+ Joana Cannabrava: "Chega de falar sobre dietas e culpa nas redes sociais"
+ Chega de ver as outras mulheres como inimigas – é vez da sororidade
+ As 10 mulheres que mais inspiram Paola Antonini (e vão inspirar você também)

Me coloquei no seu lugar todas as vezes que levantei na madrugada, vi a Eleonora tomando vacina, dando os primeiros sorrisos. Saquei que o amor materno é o mais puro e verdadeiro, aquele que não espera nada em troca, que nunca se esgota. Nunca. O melhor dos clichês.

Minha mãe, no nascimento da minha filha, virou um unicórnio para mim. Um ser mitológico. Desde aquele momento nunca mais nossa relação foi a mesma.

Mais que mãe e filha, viramos cúmplices desse sentimento arrebatador que faz com que você possa levar um soco do Mike Tyson e se levantar prontamente depois. Afinal, tem alguém que precisa de você, que conta com esse amor incondicional.

Curte o conteúdo da Glamour? Ele está no nosso app e agora também no Globo Mais, o app que é muito mais do que uma banca. Nele você tem acesso a um conteúdo exclusivo em tempo real e às edições das melhores publicações do Brasil. Cadastre-se agora e experimente 30 dias grátis.

Mais recente Próxima Chega de haters! Instagram passa a filtrar os comentários maldosos
Mais de Glamour