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Por Julia Ribeiro (@juribeirodelima)


Tenho certeza que você já se pegou pensando com curiosidade sobre a carreira dos influenciadores digitais. "Como essa pessoa começou?", "Dá para transformar hobby em carreira?", "Precisa de muito investimento?".

São muitas perguntas para diferentes repostas. Conversando com profissionais da área, uma dica é certa: não existe uma receita de bolo -- "pronto, faça isso e você vai obter sucesso nas redes sociais". Não é assim que funciona. Existem vários fatores que podem estar ligados ao sucesso de um influenciador digital (explicamos mais aqui). Mas, o pulo do gato para estas profissionais que mergulharam no universo da influência digital é pensar nela como um negócio.

#FuturoDaInfluencia (Foto: Arte: Victoria Polak) — Foto: Glamour
#FuturoDaInfluencia (Foto: Arte: Victoria Polak) — Foto: Glamour

Ok, parece meio óbvio. Mas a verdade é que quando pensamos nos trabalho dos influenciadores automaticamente pensamos que aquilo é um hobby e não envolve grandes questões. Porém, não é bem assim. Para Isabela Ventura, CEO da empresa especializada em marketing de influência SQUID, entender os influenciadores como uma profissão é o primeiro passo para quem deseja mergulhar neste universo: "um dos erros mais comuns é o influenciador não pensar o seu conteúdo como um modelo de negócio. Para isso, você precisa se profissionalizar, estudar e entender como o mercado funciona".

Uma das precursoras da "profissão blogueira" é Lia Camargo (@liacamargo). Lá em 2001, quando tudo isso era mato, ela inaugurou o blog Just Lia e decidiu que este iria ser seu trabalho formal. Mas, para isso acontecer, foram quase 11 anos de estudos (de graduação à cursos livres) e muito estudo por conta própria. "Acho que demorei muito para considerar o blog como "trabalho", não por medo, mas porque disputava com o minha outra paixão, o meu emprego", conta.

Na época, ela trabalhava como webdesigner (sua profissão dos sonhos) e a decisão de largar tudo foi quando o blog começou a render frutos financeiros. Foi assim, sem foçar a barra, que ela largou tudo e transformou o "Just Lia" em uma empresa pra se dedicar à sua verdadeira paixão: "No fim do dia, o emprego formal não me dava o mesmo dinheiro e a liberdade criativa que o blog dava".

O mesmo aconteceu com a influenciadora de moda e viagens Josy Ramos (@josyramos), . A carioca trabalhava como stylist da Farm e começou a ganhar espaço na internet com seus looks cheios de personalidade e tranças coloridas. "Na época, lá em 2014, só a Magá Moura usava tranças coloridas. Comecei então a montar fotos dos meus looks e com tranças coloridas e com materiais diferentes, coisa difícil de arranjar na época", conta. O pulo do gato aconteceu durante um almoço com a influenciadora Carla Lemos (@modices): "a Carla me ajudou a entender que aquilo poderia ser um trabalho de verdade. Ali comecei a encarar as coisas de maneira diferente".

Em 2017, Josy fechou seu primeiro contrato, rendendo um valor muito maior ao seu salário como stylist. "Comecei a pegar gosto pela produção de fotos e de me comunicar com as pessoas via internet, com o meu conteúdo. A situação toda foi fluindo até eu pedir a demissão do meu trabalho como stylist em 2018. Saí com um pouco de medo do incerto, mas sei que foi a coisa certa", conta.

A troca do trabalho "convencional" para a influência digital aconteceu também com a mineira Lu Ferreira (@chatadegalocha), criadora do Chata de Galocha. Formada em design gráfico, Lu tocava o blog junto com a graduação em um período em que buscava sua entrada no mercado de trabalho. "Na época não tinha Instagram, não tinha YouTube. Escrever um post de blog ocupava muito do meu tempo", conta.

Conforme sua audiência ia crescendo, a demanda por postagens ia aumentando e, com isso, as marcas começaram a se interessar pelo seu trabalho. Foi um publi aqui, um anúncio ali, ela começou a se dedicar e pensar que poderia ter um futuro naquilo: "Pensei: acho que posso tentar fazer isso e se tudo der errado, eu volto". Neste período ela já ocupava um cargo junior em uma agência de Belo Horizonte. Então, confiando na intuição, na vontade de arriscar e na oportunidade que o Chata a estava dando ela tentou (e deu certo!) -- mas, não sem antes fazer muito planejamento: "quando pensei em largar tudo, fiz um combinado comigo que era fazer uma reserva de seis meses da minha vida. Juntei a grana que me permitia viver a vida por seis meses se eu não ganhasse um real no meu trabalho novo".

Para ela, a melhor parte de trabalhar com a internet é a troca de conteúdo genuíno: "essa troca é incrível pois aquelas pessoas estão lá porque genuinamente gostam de você, se identificam com o que você faz e com quem você é".

Para a produtora de conteúdo e podcaster Jeska Grecco (@jeskagrecco), a virada aconteceu em 2012 quando ela e uma amiga criaram a página de humor 'Indiretas do Bem' no Facebook. Entre estes oito anos, o projeto deu bombou e ela decidiu largar o trabalho na agência para se gerenciar a página. "O projeto viralizou e vimos uma oportunidade de negócio. Chegou um ponto que ele me dava o mesmo valor que o meu salário", conta. Mas além da questão financeira, ela conta que a liberdade criativa também foi um fator decisivo: "Me dei conta de que ser minha própria empresa me dava uma liberdade que outros lugares não me deram. Isso me permite explorar meu trabalho e ganhar muito mais, por mais que seja instável".

Verdade verdadeira: não existe fórmula certa para viver de internet. Porém, as chances aumentam muito quando você envolve propósito. "Pare e pense no que você é boa, o que você pode agregar e investir aí", ensina Lia. Portanto, achar o seu nicho de mercado é uma das dicas mais valiosas para quem busca trabalhar com marketing de influência. "Cada vez mais fica mais claro que não dá para nascer sem um propósito. O que você quer fazer de fato? Quem você quer tocar?", questiona Isa.

A designer carioca Beatriz Siqueira (@beatriizsiqueira) trabalha com o Instagram de forma séria desde 2018 e faz parte de uma "nova" geração de criadores de conteúdo -- aqueles que cresceram acompanhando blogs e não se veem trabalhando em um mercado formal. "Posso usar os conhecimentos e habilidades que adquiri nos cursos para meu trabalho como produtora de conteúdo", conta. Ela é a mãozinha por trás do @needle.freak, um perfil que faz bordados por encomenda. Com 24 mil seguidores, Bia está entre os 70% de influencers que ainda não usufruem totalmente de seu trabalho com internet como fonte de renda, mas está caminhando para tal.

E o "caminhando" não quer dizer rapidez, ok? As coisas podem levar um certo tempo até você acertar o caminho. Para a vencedora do Masterchef e influencer de gastronomia Elisa Fernandes (@elisa.fernandes), precisou que ela fosse passar uma temporada fora aprendendo gastronomia para daí encontrar sua marca na internet -- no começo, Elisa usava seu Instagram para divulgar seus jantares itinerantes, depois começou a ministrar um curso online até parar no YouTube, com seu próprio canal de culinária e vídeos com mais de 500 mil visualizações.

Para fazer isso tudo acontecer, ela teve que investir em equipamentos e mudar a rotina das cozinhas dos restaurantes para a internet. "Você não pode apenas vender, você tem que oferecer um conteúdo para as pessoas se interessarem por você. E produzir este conteúdo dá trabalho, principalmente vídeos culinários", diz. Mas isso não quer dizer que você precisa gastar rios de dinheiro para criar um conteúdo original. Pelo contrário. "É hora de pensar em novos formatos. As pessoas querem continuar consumindo publicidade dos influenciadores, mas clamam por novas abordagens. Isso é sair do lugar comum. E a melhor agora para fazermos isso é agora", finaliza Isa.

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