Carreira & Dinheiro
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Por Geiza Martins


Robin, de "How I Met Your Mother"; (Foto: Reprodução) — Foto: Glamour
Robin, de "How I Met Your Mother"; (Foto: Reprodução) — Foto: Glamour

De manhã cedo já está ligada no e-mail, verificou o Whatsapp umas dez vezes e trocou umas duas ou três mensagens de trabalho. Tudo sem ter sequer saído de casa ou finalizado o café da manhã. Quem já era workaholic antes das redes e aplicativos de chats no celular, só sentiu sua rotina piorar. Quem não era pode ter embarcado na onda do trabalho em excesso. Afinal, atire a primeira pedra quem não faz parte de um grupo da empresa em que o trabalho é debatido o dia inteiro!

Mas, mesmo que algumas pessoas achem o máximo, não há nada de charmoso em dizer “estou na correria”. Segundo Ana Paula Magosso Cavaggioni, psicóloga da Clia Psicologia (SP), quem trabalha muito não consegue relaxar nem nas horas de lazer. “Leva trabalho para casa, não sabe dizer ‘não’, não tem tempo para a família, terceiriza os cuidados com a familiares e cobra-se demais, o tempo todo”, afirma.

O caminho da perdição
Nós somos bem quistas. Apesar das pesquisas não apontarem diferenças estatísticas de incidência entre homens e mulheres workaholics, geralmente, as mulheres passam por uma grande pressão quando ocupam cargos de liderança. Ainda mais com o recente crescimento do número de mulheres CEOs no Brasil – aumentou de 5% em 2015 para 11% neste ano, o número de empresas com mulheres no comando financeiro (CFO) também registrou o mesmo salto, de 5% para 11%.

Um estudo do Peterson Institute for International Economics descobriu que ter mulheres em altos cargos executivos pode gerar mais lucro às empresas! Ou seja, cada vez mais o braço feminino se torna mais desejável ao mundo dos negócios. E com os cargos altos, chegam as responsabilidades, principalmente, porque é a de mostrar que pode fazer melhor do que qualquer um.

É aí que muita mulher simplesmente larga a vida particular em detrimento da profissional. “As mulheres podem sentir-se mais pressionadas e, com isso, serem mais dedicadas e esforçadas no trabalho”, opina Ana Paula.

Porque ser workaholic é tão ruim?
Trabalhar enobrece, enriquece a alma, dignifica o espírito, mas tudo que vem em excesso significa que algo está errado. Segundo Ana Paula, ser workaholic é um traço da personalidade da pessoa. “Funciona como uma defesa psíquica que evita que a pessoa entre em contato com seus sentimentos e dificuldades emocionais”, afirma.

Além de prejudicar a vida social, familiar, saúde, chega um momento em que o comportamento compulsivo do workaholic faz com ele perca o prazer até mesmo no trabalho. “Ao longo do tempo, até a satisfação profissional vai embora, uma vez que a insatisfação com as pessoas [no seu trabalho] torna-se cada vez maior”, explica.

Estou exagerando?
A resposta está em se autoanalisar. Pergunte-se se você faz muitas horas extras, se sua rotina mudou, se seus amigos e familiares reclamam da sua ausência ou falta de tempo, com que frequência leva trabalho pra casa e até se costuma sonhar com o trabalho. E avalie as suas respostas. Você pode também pedir para uma pessoa próxima (parceiro ou amigo) dizer se sentiu alguma mudança no seu comportamento.

Aprenda a dizer “não”
Ana Paula lembra que trabalhar com dedicação é algo prazeroso e necessário, porém, deve haver um equilíbrio entre trabalho vida familiar e social. Portanto, é imprescindível impor um limite tanto interno, aprendendo a identificar os momentos em que você exagera sozinha, e externo, criando um comportamento diferente dentro da empresa e demonstrando a todos que você trabalha muito bem sim, mas não está a disposição 24 horas por dia.

Mude de atitude
A primeira coisa que deve substituir é o seu pensamento velho por um novo. “Busque entrar em contato com seus próprios sentimentos, compreendendo que o que está relacionado ao bom desempenho no trabalho é o bem estar”, indica Ana Paula. Outra dica é voltar a participar de comemorações familiares, atividades comunitárias, sair com as amigas, o namorado, pedalar, ir para academia, enfim, fazer atividades que deem prazer e não estão relacionadas ao trabalho. Se você realmente não conseguir fazer essas mudanças sozinha, daí a saída é buscar a psicoterapia.

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