Celebridades
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Por Renata Telles


Julia Konrad (Foto: David Ludolf) — Foto: Glamour
Julia Konrad (Foto: David Ludolf) — Foto: Glamour

No ar como a tímida Raimunda em O Sétimo Guardião, Julia Konrad vive um momento delicioso na carreira. Além de participar de sua primeira novela das 9, a atriz vai estrear no cinemas com Kardec, filme que conta a vida do médium Allan Kardec, e lançar um single como cantora.

Aos 28 anos, Julia é considerada a "certinha" da família. Buscou sua independência desde cedo. Morou na Argentina, passou por Nova York e hoje vive em São Paulo com duas amigas. "Sempre fui muito dona de mim mesma. Sair de casa e estudar fora sozinha, tudo isso se deu de forma natural, bem orgânica", diz.

Feminista, Julia bate na tecla da importância de se discutir sobre o assunto. "As pessoas associam o feminismo com um movimento extremista. Eu diria para elas simplesmente refletirem sobre os direitos que elas têm, e os que querem conquistar. Se esses anseios estão alinhados a uma igualdade entre os gêneros (como por exemplo igualdade salarial), então elas já são feministas, de certa forma", fala.

A atriz também não deixou de falar sobre atitudes machistas e assédios que sofreu ao longo dos anos. "Acho até difícil uma mulher hoje em dia não ter tido alguma experiência direta com isso... , Somos programados para lidar com isso de forma normal. Não podemos aceitar comportamentos absurdos, brigas, cobranças erradas, como algo “normal”... Desde um 'gostosa' gritado na rua porque você está de top de academia, até relacionamentos abusivos onde o parceiro quer ditar onde, quando, com quem e com que roupa você vai sair."

Acompanhe a entrevista!

Você está de volta às novelas depois de uma participação em Rock Story, como está sendo interpretar a Raimunda, uma menina tímida, fechada?

Está sendo um processo corrido, porém muito gostoso. A vida na ponte aérea é bem acelerada, mas poder jogar em cena com a Inês e a Bruna está sendo incrível. São mulheres que admiro muito, dentro e fora de cena. A Raimunda está ali para fazer o contra-ponto da irmã rebelde, e se no início existia até um pequeno embate entre as duas, agora as irmãs estão se aproximando mais, se unindo. Está sendo muito bacana.

É a sua primeira novela das 9, certo? Pesa um pouco mais?

Uma novela das 9 você aparece mais nas casas das pessoas do que em uma série, ou filme, então é uma ansiedade boa, mas claro uma grande responsabilidade. Porém não chegou a bater medo. Me achei pronta pro trabalho. Encaro todos da mesma forma, sempre disponível, e dando 100% de esforço. Acho que a diferença maior pra mim está na duração - numa série ou longa, você trabalha uns três meses no projeto, e depois se despede. A novela dura oito, e contando com o período de preparação, você acaba ficando um ano em um mesmo trabalho, com uma mesma personagem. Desta forma, acho que o desafio está mais em sempre tentar manter o frescor em cena.

A Raimunda é bem diferente de você? Ou considera-se introspectiva tb?

Temos alguns pontos em comum. Ela me lembra um pouco como eu era na pré-adolescência, bem na minha, sempre lendo sozinha num canto (risos). Sempre fui muito certinha, minha mãe cobrava muito em relação as notas no colégio. Depois fui ganhando mais confiança e ficando mais extrovertida, mas acho que essa mania de querer fazer tudo “certo” ainda é bem forte na minha vida.


Você também canta e se formou em teatro musical certo? Mas algum dia pensa em se lançar como cantora? Se pudesse escolher a trilha da sua vida, qual seria a canção?

Temos projeto pra esse ano! Uma parceria super bacana com Barro, um artista recifense também. Já estamos com algumas faixas em produção, o primeiro single deve ser lançado ainda esse semestre. Agora, uma canção só para a trilha da vida acho complicado, rs… acho que cada fase tem sua música, pelo menos pra mim eu sinto que tem sido assim. “Nada Será Mais Como Era Antes”, do Silva, tem tocado em loop por aqui.

No cinema, você já virou veterana. E em 2019 estará em Kardec. Foi especial participar desse longa? Você segue alguma religião?

Veterana, nossa! (risos) Cinema sempre foi, e ainda é, uma grande paixão e objetivo de carreira pra mim. Acho que é um formato que me dá um prazer diferente, único e profundo durante o processo, tanto pré, quanto pós. Kardec não foi exceção. Foi muito especial, principalmente por ser meu primeiro trabalho biográfico, e de quebra, de época. Não sigo nenhuma religião específica, mas sou espiritualizada, de certa forma. Acredito em energias, em que tudo que a gente faz um dia volta, e que estamos aqui para evoluir.


Você namora o empresario Pedro Marques, de São Paulo. Como é namorar na ponte aérea? Se veem toda semana? Estão conciliando bem por conta das gravações?

Namorar na ponte não é muito diferente do que viver na ponte (risos). Sempre que posso estou em São Paulo, na minha casa onde moro com duas amigas, cachorra, rotinas, e é claro, o Pedro. Ele tem ido ao Rio passar uns dias também agora no verão, pegar uma praia. Tá sendo super tranquilo.

Julia Konrad (Foto: David Ludolf) — Foto: Glamour
Julia Konrad (Foto: David Ludolf) — Foto: Glamour


Levando em conta os dias atuais em que temos sempre que reforçar o poder feminino, o que vale na hora de escolher um namorado?

Eu acho que o mais importante na hora de você se relacionar com outra pessoa é a compatibilidade de valores. Acho que ambos têm que acreditar nas mesmas coisas, de um modo geral. Isso se aplica também ao machismo, claro. E acho que mais do que abrir uma porta, ou tratar como princesinha, o lance está mais ligado à parceria, à confiança, ao respeito pela individualidade de cada um. A sempre tentar se ajudar, e sempre respeitar a liberdade do outro. Acho que esse é o ponto mais importante.

Já se envolveu com caras machistas, precisou terminar uma relação por conta disso?

Sinceramente, acho até difícil uma mulher hoje em dia não ter tido alguma experiência direta com machismo, é cultural, estrutural na nossa sociedade. Somos programados para lidar com isso de forma normal. Não podemos aceitar comportamentos absurdos, brigas, cobranças erradas, como algo “normal”. Às vezes demora pra perceber, acordar e agir. Mas ao mesmo tempo, acho que algumas experiências como essas, por mais dolorosas que sejam, fortalecem as mulheres, as une, e a gente passa a ter mais confiança e segurança.

Já passou por alguma situação inconveniente? Ou assédio?

Como disse anteriormente, nós mulheres passamos por isso todos os dias. Desde um “gostosa” gritado na rua porque você está de top de academia, até relacionamentos abusivos onde o parceiro quer ditar onde, quando, com quem e com que roupa você vai sair. O direito de posse sobre o corpo da parceira ou parceiro é algo muito comum, infelizmente.

O que diria às mulheres que não se consideram feministas hoje em dia ou que acham que ser feminista é sinônimo de rebeldia?

O termo tem uma carga negativa. As pessoas associam o feminismo com um movimento extremista. Eu diria para elas simplesmente refletirem sobre os direitos que elas têm, e os que querem conquistar. Se esses anseios estão alinhados a uma igualdade entre os gêneros (como por exemplo igualdade salarial), então elas já são feministas, de certa forma. Porque o feminismo não significa querer subjugar o outro gênero, ou querer ser “como homens”, ou a escolha estética e pessoal de parar de se depilar, etc. O feminismo é simplesmente a luta por direitos iguais entre homens e mulheres. E se você já luta por isso, já é feminista. De salto ou não, de rosa ou não, depilada ou não.

Você morou na Argentina por 10 anos e passou uma temporada em NY. Sempre foi independente desde cedo? Quando acha que o feminismo despertou em você?

Sempre fui muito dona de mim mesma. Sair de casa, morar e estudar fora sozinha, tudo isso se deu de forma natural, bem orgânica. E acho que sempre fui feminista, voltando à definição da busca por igualdade. Desde que tive um olhar mais apurado pro feminismo, percebi que cada experiência é um aprendizado e que isso me ajudou na minha formação e fortalecimento como pessoa. Hoje, procuro tentar falar com outras mulheres sobre esse despertar, isto é, somos suficientes. Digo sempre isso as minhas amigas e, também, nas redes sociais.

Por que mostrar um corpo feminino ainda é tabu e choca tanto as pessoas? Você mostrou parte do seio em uma foto no Instagram e teve a imagem deletada, por exemplo...

É estrutural, um comportamento aprendido e praticado a centenas de anos. Estava até conversando com uma amiga minha argentina sobre essas questões alguns dias atrás. É um comportamento meio que já programado no nosso inconsciente, são gerações e gerações perpetuando essa narrativa. A desconstrução desse discurso assusta, justamente por ir em contra daquilo que aprendemos ser o “certo” em uma sociedade com valores patriarcais.

O que é preciso fazer para criar essa consciência? O que faz no seu dia a dia para conscientizar a sociedade (homens e mulheres)?

A desconstrução desse discurso herdado tem que ser feita. É um trabalho de formiguinha, as coisas não vão mudar da noite pro dia. Mas acho que quanto mais gente colocando esses assuntos em pauta, abrindo o diálogo e discussão saudável, aos poucos essa “nova” informação vai entrando nesse inconsciente coletivo, e gerando mudanças reais.

Vejo que responde muitos seguidores nas redes e tenta explicar seu ponto de vista, discute.... Cansa lidar com haters às vezes?

Acho que o que mais cansa é quando a pessoa não está afim de dialogar, só quer vomitar ódio. As pessoas estão frustradas, raivosas, no geral. E acho que muitas vezes usam aquele que não pensa igual, que não é igual a ele, como uma válvula de escape pra essa frustração.

Julia e o namoado Pedro (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour
Julia e o namoado Pedro (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Glamour


O seu namorado Pedro entende o seu posicionamento ou já entraram em conflito alguma vez por conta de feminismo?

Existe um respeito pela individualidade e direito do outro. A partir disso, há um diálogo e uma troca constante, uma conversa que está sempre aberta. Nem passa pela cabeça um falar para o outro o que deve ou não vestir, onde ou não deve ir, ou o que postar ou não postar.

Falando um pouco de beleza, você tem cachos poderosos, mas já teve preconceito com eles?

Durante a adolescência sofri bastante com o cabelo. Queria muito alisar, fazer progressiva. Minha mãe nunca deixou, então só andava com ele preso. Aos poucos fui buscando referencias novas, de mulheres com cabelos iguais aos meus, e fui assumindo o natural. Virei meu próprio padrão.

O que faz pra cuidar da boa forma e saúde?

Não funciono bem com extremismos. Já fui vegetariana, até tentei o veganismo durante um mês, já segui dietas mais restritas, ou me propus ir a academia todos os dias. Não funciono assim. O cuidado com o corpo precisa ser leve, orgânico, fácil. E acho que precisa ter um entendimento além da preocupação com a “boa forma” ou só saúde. Hoje me alimento de orgânicos e raramente como carne vermelha, proteína animal fica por conta de ovos e peixe. Sei quais os alimentos que me fazem bem e os que me inflamam. Tento mexer meu corpo todos os dias, comecei a praticar yoga além dos exercícios funcionais e academia que já fazia. Mas tudo sem pressão. Se tem um dia que eu não to afim de malhar, ou quero comer uma besteira, eu respeito essa vontade, sem culpa. Depois retomo, tranquila.

Make: Guto Moraes
Julia veste Augustana

Locação: Hotel Casa Marques - Santa Teresa

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