Educação

Por Nathan Fernandes

Nos dias 22 e 23 de março, o coração de Nova York foi preenchido por uma atmosfera de diplomacia e cooperação internacional. Em uma sala de conferências de um hotel em Manhattan, representantes de 30 nações se uniram para discutir questões globais e chegar a resoluções que pudessem oferecer um direcionamento a desafios enfrentados pelas Nações Unidas.

Embora o ambiente fosse de uma reunião típica da ONU, havia um elemento incomum: os delegados e delegadas eram crianças. Essa foi a terceira edição da Conferência Altitude Model United Nations (AMUN), realizada pela organização libanesa Altitude for Leadership.

O evento — que contou com a presença do embaixador do Líbano para as Nações Unidas, Hadi Hachem — simulava uma conferência da ONU, na qual 250 estudantes de dez países, como EUA, Brasil, Equador e Índia, se reuniram para debater o uso da inteligência artificial em questões humanitárias.

Conferência Altitude Model United Nations (AMUN) — Foto: Divulgação
Conferência Altitude Model United Nations (AMUN) — Foto: Divulgação

Entre os seis brasileiros, estava um aluno de escola pública e uma estudante bolsista de colégio particular, ambos de São Paulo. Davi Rocha de Carvalho, de 12 anos, e Ariadne Vitória Paulino Ale, de 13, representaram a delegação da Holanda na conferência que debateu o uso da inteligência artificial (IA) para aprimorar a resposta humanitária e enfrentar desastres.

Dentre os temas abordados por outros três grupos estavam também a utilização da IA para enfrentar a crise climática, impulsionar o crescimento econômico e de empregos e diminuir a pobreza combatendo o desperdício de alimentos. Durante os dois dias, os estudantes aprimoraram suas habilidades de comunicação, negociação e trabalho em equipe para desenvolver resoluções específicas para cada um dos assuntos debatidos.

As crianças da conferência seguram placas dos países que elas representaram — Foto: Divulgação
As crianças da conferência seguram placas dos países que elas representaram — Foto: Divulgação

“Acredito que a IA deve ser usada com responsabilidade e segurança. As pessoas que usam precisam ser especializadas, pois há riscos de exposição de dados”, observa Ariadne. “Mas também é uma oportunidade para países menos desenvolvidos se recuperarem e prevenirem desastres. Países como os EUA preferem se recuperar após as catástrofes, em vez de prevenir, quando na verdade a prevenção é mais eficaz.”

A jovem cita como exemplo o aquecimento global. “É uma coisa que pode ser prevenida com ajuda da IA. Outro ponto que acho legal é a colaboração entre países no desenvolvimento dessa tecnologia. A cooperação internacional é essencial.”

Para as delegações (de estudantes não brasileiros) que analisaram as perspectivas do Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), promulgada em 2018, e o Marco Legal da Inteligência Artificial, atualmente em processo de discussão no Congresso, são considerados avanços que podem servir de modelo para outros países na proteção dos direitos dos cidadãos.

Imagem mostra participantes da Conferência Altitude Model United Nations (AMUN) — Foto: Divulgação
Imagem mostra participantes da Conferência Altitude Model United Nations (AMUN) — Foto: Divulgação

Segundo os organizadores, a ideia de estudantes representarem países diferentes de suas próprias nacionalidades permite que os jovens explorem questões sob diversas perspectivas, ampliando seus horizontes e incorporando novos padrões de pensamento.

“Acredito que essas conferências são muito importantes, pois abordam tópicos que muitas vezes não são ensinados na escola”, afirma a secretária-geral do evento Perla Khaled, de 23 anos. “Sinto que isso nos inspira a nos vermos como tomadores de decisão, pessoas que podem causar impacto para além das conferências.”

Eles chegaram lá

A dupla de brasileiros Ariadne e Davi — Foto: Divulgação
A dupla de brasileiros Ariadne e Davi — Foto: Divulgação

Ariadne e Davi chegaram a Nova York cinco dias antes do evento, e puderam fazer uma imersão educacional e cultural na cidade, onde conheceram pontos como a Broadway, a Times Square e o Central Park.

Para chegar lá, os estudantes participaram de um programa social oferecido pela Graded - The American School of São Paulo, chamado Outreach Program, onde tiveram a oportunidade de aprender inglês. Depois, por conta do desempenho, eles foram selecionados para fazer parte da ONG Nada é Impossível, que cobriu as despesas.

“Nosso objetivo como ONG é diminuir as desvantagens dos alunos economicamente desfavorecidos, que apresentam um excelente desempenho escolar e acadêmico”, explica Andrea Nascimento Mimassi, diretora da ONG.

Em um mundo onde as fronteiras se tornam cada vez mais permeáveis e os desafios mais interligados, histórias como a de Ariadne e Davi destacam a importância de investir não só em habilidades acadêmicas, mas também em valores como cooperação e empatia para resolver questões essenciais da nossa sociedade.

Mais recente Próxima Jogo online conscientiza sobre medidas de combate à dengue; jogue
Mais de Galileu

Espécie sofre com a disseminação de câncer transmissível que pode ser detectado de forma mais rápida com o uso de ferramentas de inteligência artificial

Cientistas estão usando IA para tentar salvar diabo-da-tasmânia da extinção

Ainda não se sabe ao certo por que a estrutura abandonada explodiu, mas a hipótese mais plausível envolve um acidente com combustível

Satélite russo explode em 180 pedaços e obriga astronautas da ISS a se esconder

Pesquisa de arqueólogos tchecos que investigou 69 ossadas indica que principais marcas apareciam nas juntas, sobretudo em partes como a cintura, mandíbulas e dedão

Escribas egípcios sofriam com lesões causadas pela má postura no trabalho

Em entrevista à GALILEU, Kamilla Souza fala sobre o trabalho de extrair cérebros de cetáceos - e como eles podem ser modelos para entender, também, o cérebro humano

Brasileira é dona da maior coleção de cérebros de golfinho da América Latina

Experiência imersiva pela famosa paisagem especial foi possível a partir da combinação de imagens dos dois telescópios espaciais mais poderosos do mundo, Hubble e James Webb

Nasa desenvolve visualização 3D dos "Pilares da Criação"; veja

Dados de 390 mil adultos, coletados ao longo de 20 anos, sugerem que a ingestão de suplementos alimentares não é sinônimo de maior longevidade, ou mesmo menor risco de doenças cardíacas e câncer

Tomar multivitamínicos todo dia não ajuda você a viver mais, diz estudo

Arqueólogos acreditam que sobrevivência de criança com a síndrome para além do período de amamentação dependeu de cuidados da comunidade neandertal em que vivia

Descoberta primeira criança neandertal com síndrome de Down

Estimativas de pesquisadores podem ter implicações nos estudos sobre a estabilidade das plataformas de gelo e no aumento do nível do mar

Geleiras da Antártida guardam duas vezes mais água do que se imaginava

Novo imposto, que passa a valer a partir de 2030, visa reduzir emissões de gases de efeito estufa na atmosfera e, ao mesmo tempo, apoiar a transição verde do país

Pum de vaca faz governo da Dinamarca propor taxa de R$ 500 por animal

Análise química de estalagmites realizada em caverna do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, demonstra que o aquecimento global tem gerado um distúrbio hidrológico na região central do país, fazendo com que parte significativa da água da chuva evapore antes mesmo de se infiltrar no terreno

Seca no Cerrado brasileiro é a pior há sete séculos, diz estudo