Cientistas testam microrrobô que viaja pelo pulmão e combate câncer

Teste em camundongos com robôs desenvolvidos a partir de algas impediu a disseminação de tumores com metástase para os órgãos respiratórios dos roedores

Por Redação Galileu


Cientistas testam micro-robô que viaja pelo pulmão e combate câncer Zhengxing Li

Microrrobôs que nadam pelo pulmão foram criados por engenheiros da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estado Unidos, para levar medicamentos contra o câncer diretamente aos tumores em metástase. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (12) na revista Science Advances.

Em testes que se mostraram promissores, microrrobôs foram inseridos através de um tubo na traqueia de camundongos vivos. Os roedores que passaram por tal procedimento tiveram maior taxa de sobrevivência e a intervenção inibiu a disseminação do câncer para os pulmões.

Os microrrobôs são nanopartículas feitas de esferas de polímero biodegradável carregadas com o quimioterápico doxorrubicina. Essas partículas foram anexadas à superfície das células de algas verdes, que, por sua vez, permitem a movimentação dos robôs e a natação deles nos pulmões.

As nanopartículas são ainda revestidas com membranas de glóbulos vermelhos, que as protegem do sistema imune. É como se os microrrobôs estivessem "camuflados" no organismo.

"Esse revestimento faz com que a nanopartícula se pareça com um glóbulo vermelho do corpo, de modo que não desencadeie uma resposta imunológica", explica o coautor do estudo e doutorando em nanoengenharia na Universidade da Califórnia em San Diego, Zhengxing Li, em comunicado.

Ilustração dos microrrobôs sendo administrados através da traqueia para tratar tumores metastáticos nos pulmões — Foto: Zhengxing Li

Segundo Li, o movimento ativo de natação dos microrrobôs melhorou significativamente a distribuição do medicamento no tecido pulmonar profundo, prolongando o tempo de retenção da droga. Com isso, foi possível reduzir a dosagem do fármaco, "possivelmente reduzindo os efeitos colaterais e mantendo a alta eficácia de sobrevivência".

Em média, os camundongos sobreviveram 37 dias. Mas, para aqueles não tratados ou que receberam apenas o medicamento ou nanopartículas com a droga sem algas, o tempo médio foi de 27 dias.

Segundo os pesquisadores, os materiais usados na fabricação das nanopartículas são biocompatíveis, ou seja, não causam rejeição do organismo no qual são introduzidos. Além disso, as algas são reconhecidas como seguras para uso pela Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória americana.

Após os testes em camundongos, o intuito é realizar uma testagem em animais maiores antes de inserir finalmente os microrrobôs no organismo humano.

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