Morre Kingo, gorila icônico que inspirou esforços de conservação pelo mundo

Primata, que morreu devido a possíveis complicações de velhice, tem sido um símbolo internacional da conservação de espécies nos últimos 30 anos

Por Redação Galileu


Um dos gorilas de planície mais icônicos do mundo, Kingo Kyle de Nobrega

O gorila-ocidental-das-terras-baixas (Gorilla gorilla gorilla) Kingo, que inspirou três décadas de conservação da vida selvagem, foi encontrado morto em 26 de dezembro de 2023. O primata faleceu com idade aproximada de 45 anos, provavelmente devido a complicações da velhice, segundo divulgou na sexta-feira (6) a Wildlife Conservation Society (WCS).

A casa de Kingo era o Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, uma área protegida com mais de 4,2 mil km², que a WCS co-gerencia com o governo da República do Congo. O gorila ficou famoso no mundo após ser destaque em reportagens da BBC, National Geographic e outros veículos de mídia.

Mais de uma dúzia de documentários e quase 50 artigos científicos foram produzidos sobre a vida de Kingo, que inspirou a proteção do parque e de toda a vida selvagem. "O legado de Kingo é imenso", disse em comunicado Jancy Boungou, assistente de pesquisa da Mondika Gorilla da WCS, que acompanhou o gorila até seus últimos dias. "Ele sempre nos inspirou, a mim e aos meus colegas, a proteger os gorilas e o Parque Nacional Nouabalé-Ndoki."

Kingo inspirou a proteção do Parque Nacional Nouabalé-Ndoki do Congo e de toda a sua vida selvagem — Foto: Guilhem Duvot

O animal começou a ser estudado na década de 1990 pela equipe de pesquisa de Diane Doran da Universidade de Stony Brook, em Nova York, que queria entender melhor os gorilas-ocidentais-das-terras-baixas. Na época, a espécie era um dos grandes símios menos compreendidos.

Kingo morreu de possíveis complicações relacionadas à idade — Foto: Scott Ramsey

Os gorilas-ocidentais-das-terras-baixas são classificados como criticamente ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Em 2006, a Wildlife Conservation Society (WCS) assumiu a pesquisa da espécie.

"Ao longo dos anos, o trabalho realizado com Kingo e o lançamento do ecoturismo levaram a uma melhoria na proteção do Parque Nacional Nouabalé-Ndoki, culminando na adição formal da casa de Kingo – a Floresta do Triângulo – ao parque em 2022", conta Ben Evans, diretor do Nouabalé-Ndoki.

Segundo o diretor, Kingo não apenas possibilitou melhor compreensão da ecologia e do comportamento de sua espécie. Por meio do turismo, ele também abriu caminho para meios de vida sustentáveis aos povos indígenas e comunidades locais na área do Parque Nacional Nouabalé-Ndoki.

Curiosamente, o icônico gorila-ocidental-das-terras-baixas recebeu o nome de Kingo em alusão à expressão na língua local Ba'aka, "Ba'aka 'kingo ya bolé", que significa "aquele que tem uma voz alta".

A "voz" do primata foi mesmo muito além, deixando um importante legado de conservação. "Mesmo pelos padrões dos gorilas, Kingo era um líder fisicamente impressionante, com braços massivos e ombros largos que impulsionavam sua confiante caminhada pelas densas florestas da Bacia do Congo", afirma David Morgan, diretor do Projeto de Primatas do Triângulo de Goualougo (GTAP), que tem apoiado os esforços da WCS por mais de dez anos. "Gerações de gorilas mais velhos visitaram essas mesmas árvores ao longo de centenas de anos; mas é improvável que algum deles tenha sido tão bem-sucedido em seu mandato quanto Kingo."

O vídeo a seguir é um memorial para o gorila Kingo. Assista:

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