Monumentos com objetos de até 3,5 mil anos são descobertos na França

Três ocupações de diferentes períodos recheadas de artefatos surpreendentes mostram a diversidade de habitações na região da Borgonha ao longo do tempo

Por Redação Galileu


Foram encontradas valas de diferentes períodos do final da pré-história, com diferentes artefatos, como pulseiras e pontas de flecha Luc Staniaszek/Inrap

Um time de arqueólogos do Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica Preventiva (Inrap) encontrou uma série de ocupações que datam do período Neolítico à Primeira Idade do Ferro – os últimos momentos da pré-história.

As escavações foram realizadas em Marliens, comuna francesa na região da Borgonha, em uma área que de 60 mil metros quadrados. A novidade foi divulgada em nota publicada pelo próprio instituto, no último dia 5 de abril.

A ocupação mais antiga possui um formato curioso de construção: ela é divida em três recintos circulares interligados, sendo o do centro o maior, com 11 metros de diâmetro. A parte central é complementada por uma área superior, que possui formato de ferradura, e outra inferior, com repartições e uma abertura em seu contorno.

Há ainda uma camada de pedras fragmentadas no preenchimento dos dois recintos laterais, o que, de acordo com os pesquisadores, pode atestar a existência prévia de paliçadas – cercas utilizadas como defesa antigamente.

Visão área da ocupação mais antiga, que possui três recintos — Foto: Jérôme Berthet/Institut national de recherches archéologiques préventives (Inrap)

Pelo ineditismo da descoberta, os pesquisadores não conseguiram traçar comparações para entender seu significado, nem realizar avanços na sua datação. Contudo, artefatos descobertos em valas ajudam a entender melhor o tempo em que essas ocupações existiram.

Dentre os achados, destacam-se pedras lapidadas que possivelmente constituíam o conjunto de um arqueiro, como pontas de flecha. No total, foram encontradas sete pontas de flecha de sílex, duas braçadeiras de arqueiro, um isqueiro de sílex e uma adaga de liga de cobre.

As características dos objetos apontam para semelhanças a peças costumeiramente atribuídas ao período Neolítico, mais precisamente à cultura Bell Beaker – difundida no continente europeu durante o início da Idade do Bronze, por volta de 2.800 a.C.

Objetos que constituem o conjunto de caça de um arqueiro — Foto: Pauline Rostollan/Institut national de recherches archéologiques préventives (Inrap)

Ela é marcada por peças feitas em cobre e ouro, além de artefatos como redes e arcos. Mesmo com as aproximações, os pesquisadores estão realizando análises de radiocarbono para esclarecer a cronologia do monumento e dos itens encontrados.

A segunda ocupação é composta por cinco recintos circulares, sendo quatro abertos e um fechado. Acredita-se que eles tenham funcionado como valas de sepultamento, já que foram achados vestígios de sepulturas e uma pira funerária no maior recinto aberto.

Cinco alfinetes de cobre e em um colar com 40 contas de âmbar, depositados em uma das valas, ajudaram os arqueólogos a realizar a datação dessa aparente necrópole – atribuída a um período entre 1500 a.C. e 1300 a.C.

Localizada a apenas 400 metros da segunda, a terceira ocupação tem seis urnas da primeira Idade do Ferro. Cobertas por uma tampa, elas continham um único depósito ósseo, acompanhado de adornos como pulseiras ou anéis feitos de liga de cobre e ferro.

Urna encontrada na região da terceira ocupação — Foto: Luc Staniaszek/Institut national de recherches archéologiques préventives (Inrap)

Os resultados da escavação evidenciam as várias e distintas ocupações na região ao longo do tempo. Estudos mais aprofundados estão em andamento, em conjunto com análises paleoambientais, que auxiliam na compreensão da formação do solo na área.

O objetivo dos pesquisadores é reunir uma quantidade substancial de informações sobre a ocupação do espaço, possibilitando a elaboração de um panorama da evolução desse território ao longo dos séculos.

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