Arqueologia

Por Redação Galileu

Arqueólogos na França encontraram casas que pertenciam aos primeiros escultores da Europa, que erguiam monumentos impressionantes durante o período Neolítico. Os achados foram publicados nesta terça-feira (21) na revista Antiquity.

No Neolítico, as pessoas no centro-oeste francês construíram muitos monumentos megalíticos, como túmulos dedicados aos mortos. Embora as tumbas tenham resistido ao tempo, pesquisadores procuram essas casas há mais de um século.

"Sabe-se há muito tempo que os megálitos europeus mais antigos apareceram na costa atlântica, mas os habitats de seus construtores permaneceram desconhecidos", diz Vincent Ard, pesquisador do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica e primeiro autor do estudo, em comunicado.

Plantas e vistas das entradas dos dois edifícios monumentais protegidas por arranjos de 'garra de caranguejo' — Foto: V.Ard e A. Laurent
Plantas e vistas das entradas dos dois edifícios monumentais protegidas por arranjos de 'garra de caranguejo' — Foto: V.Ard e A. Laurent

Os autores da pesquisa se concentraram no recinto Le Peu, que foi descoberto durante uma pesquisa aérea em 2011 e desde então tem sido objeto de investigações profundas. O local datado do Neolítico Médio é definido por uma vala com duas entradas de “garras de caranguejo”.

Há uma paliçada, um tipo de cerca, circundando vários edifícios de madeira construídos durante o quinto milênio antes de Cristo. Pelo menos três casas foram encontradas, cada uma com cerca de 13 metros de comprimento, agrupadas perto do topo de uma pequena colina cercada pela mesma paliçada.

A partir dessa coluna, o cemitério megalítico de Tusson, nas proximidades, seria visível. Isso levantou a possibilidade aos pesquisadores de que os habitantes de Le Peu levantaram os cinco longos montes que compõem o sítio.

Arqueólogos na França encontraram um dos primeiros locais residenciais pertencentes aos construtores pré-históricos da Europa — Foto: Vincent Ard et.al
Arqueólogos na França encontraram um dos primeiros locais residenciais pertencentes aos construtores pré-históricos da Europa — Foto: Vincent Ard et.al

Para testar a hipótese, os arqueólogos realizaram datações por radiocarbono que revelaram que os monumentos eram contemporâneos de Le Peu. Eles descobriram que, embora a população local tenha construído monumentos aos mortos, eles também não pouparam esforços para proteger os vivos.

Ao analisarem solo antigo recuperado, os cientistas descobriram que Le Peu estava localizado em uma parte mais alta margeada por um pântano. A proteção era reforçada por uma vala paliçada que se estendia ao redor do local.

Plantas dos quatro edifícios do Neolítico Médio descobertos dentro do recinto de Le Peu  — Foto: V. Ard; reconstrução 3D: Archeovision Production
Plantas dos quatro edifícios do Neolítico Médio descobertos dentro do recinto de Le Peu — Foto: V. Ard; reconstrução 3D: Archeovision Production

Além disso, a entrada tinha defesas particularmente pesadas, guardadas por duas estruturas monumentais que parecem ter sido acréscimos posteriores. "O local revela a existência de arquiteturas monumentais únicas, provavelmente defensivas. Isso demonstra um aumento das tensões sociais neolíticas", diz Ard.

Apesar das defesas serem impressionantes para a época, elas não bastaram. Todos os edifícios em Le Peu parecem ter sido incendiados por volta de 4400 a.C.. A destruição ajudou a preservar o local, revelando hoje a história da população pré-histórica.

Reconstruções 3D do recinto de Le Peu e seu ambiente a partir de dados arqueológicos  — Foto: Archeovision Production 2018
Reconstruções 3D do recinto de Le Peu e seu ambiente a partir de dados arqueológicos — Foto: Archeovision Production 2018

Ard e sua equipe esperam que mais pesquisas continuem a lançar luz sobre a vida dessas pessoas. Embora esse povo seja conhecido por monumentos aos mortos, a descoberta mostra sítios residenciais monumentais. “Le Peu agora constitui um local de referência para explorar o surgimento das primeiras estruturas monumentais na Europa atlântica e as comunidades que as construíram”, escrevem os pesquisadores.

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