Arqueólogos marítimos conduziram uma nova investigação dos destroços do navio de guerra Gribshunden, que liderava a frota do rei dinamarquês-norueguês Hans e afundou em 1495, na costa de Ronneby, na Suécia.
A pesquisa foi publicada em 11 de abril nos periódicos Södertörn Archaeological Reports and Studies e Stockholm Studies in Archaeology. Os resultados fornecem uma visão mais detalhada do armamento de soldados e da presença deles a bordo.
Além disso, a nova pesquisa, assinada pelos arqueólogos Rolf Warming e Johan Rönnby, traz novos dados para um trabalho já em andamento de reconstrução e análise da superestrutura do navio.
Os pesquisadores também obtiveram o baú de armas da embarcação e novas informações sobre como o local do naufrágio foi afetado e mudado ao longo dos anos. "O conteúdo do baú de armas é indiscutivelmente um dos achados mais importantes", destaca Warming, em comunicado. "O baú é conhecido desde um trabalho de campo em 2019, mas agora documentamos cuidadosamente o conteúdo em 3D."
Segundo o pesquisador, o baú contém vários moldes diferentes e placas de chumbo para a fabricação de balas de chumbo para pistolas antigas. A caixa provavelmente pertencente a mercenários alemães que estavam a bordo no momento do naufrágio.
Durante investigações anteriores, pesquisadores encontraram argolas de latão usados em camisas de malha. O material foi tecido com uma variedade de técnicas e reparado em várias ocasiões, segundo descobriu a Professora Kerstin Lidén do Laboratório de Pesquisa Arqueológica da Universidade de Estocolmo, na Suécia. Estima-se que tais camisas podem ter tido até 150 mil anéis.
Os especialistas concluíram com base nas investigações mais recentes que uma grande quantidade da superestrutura do navio foi preservada, mesmo que as diferentes madeiras estejam desarticuladas e espalhadas no leito do mar. Essas madeiras podem ter vindo de plataformas de combate elevadas na embarcação.
Os pesquisadores também identificaram e documentaram dois suportes de canhão. "O navio é uma peça importante do quebra-cabeça na 'revolução militar no mar' no início da Idade Moderna, na qual as táticas primárias mudaram de combate corpo a corpo para pesado fogo de artilharia naval", avalia Warming.
A recuperação de Gribshunden está em andamento desde 2013. O arqueólogo conta que o navio ainda será comparado com outros naufrágios importantes e unicamente preservados como Mars (1564) e Vasa (1628).
O Gribshunden afundou junto de cerca de cem mercenários alemães após um incêndio a bordo durante uma viagem para Kalmar, na Suécia, no século 15. Sua documentação é feita por pesquisadores da Universidade de Estocolmo e da Universidade de Södertörn em parceria com especialistas do Museu Nacional da Marinha Real em Portsmouth, Reino Unido, entre outras instituições.