Ciência

Por Redação Galileu

A partir de um experimento com um dinossauro robô chamado Robopteryx, cientistas concluíram que pequenos dinossauros onívoros e insetívoros podem ter usado suas penas para assustar presas. A hipótese foi publicada em dia 25 de janeiro na revista Scientific Reports.

Os pesquisadores acreditam que a evolução das asas e caudas das aves começou em dinossauros com penas. Os restos de inúmeras espécies de dinossauros emplumados já foram descobertos, mas só membros do grupo Pennaraptora foram encontrados com o tipo de penas necessário para o voo.

Fósseis mostram que esse tipo de revestimento se desenvolveu primeiro em pequenas proto-asas primitivas que não eram fortes o suficiente para permitir que esses dinossauros voassem. Assim, ainda não há um consenso quanto ao uso dessas estruturas no passado; mas, para os autores do novo estudo, elas poderiam ter ajudado os dinossauros a capturarem presas.

A estratégia de usar penas na caça é chamada de "perseguição por disparo" (conhecida como "flush-pursue" em inglês) e é observada em várias espécies contemporâneas de aves insetívoras e onívoras, como o papa-léguas (Geococcyx californianus) e o tordo-imitador (Mimus polyglottos). Esses predadores usam suas plumagens coloridas contrastantes em suas asas e caudas para dar um susto nas presas, fazendo-as sair de seus esconderijos e fugirem — momento em que podem ser perseguidas e capturadas.

Para testar a hipótese de que os dinossauros plumados também faziam isso, os pesquisadores construíram o robô Robopteryx baseado no tamanho, forma e movimento do dinossauro Caudipteryx, um predador do tamanho de um pavão que viveu aproximadamente 124 milhões de anos atrás.

A equipe também conduziu uma revisão abrangente da diversidade de exibições de asas e caudas usadas por aves contemporâneas que praticam a "perseguição por disparo". Os pesquisadores compilaram links para vídeos ilustrando essa diversidade. Veja um deles abaixo:

O vídeo acima mostra o papa-léguas, que bate as asas para assustar pequenas presas. Quando o inseto ou lagarto se move, a ave o agarra com o bico. A gravação foi feita por Kat Avila, em San Clemente, na Califórnia, Estados Unidos, em 30 de setembro de 2017.

Após separarem arquivos como esse, os pesquisadores programaram o Robopteryx, que é equipado com nove motores, para imitar os movimentos de membros anteriores e cauda de aves que forrageiam no solo e praticam a "perseguição por disparo".

A reação de gafanhotos

Em um experimento, os especialistas usaram o robô para imitar variações de comportamentos de exibição de "perseguição por disparo" e observaram a resposta de gafanhotos. Esses insetos foram escolhidos por reagirem a esse tipo de caça e por pertencerem à ordem Orthoptera, que existiu simultaneamente com o Caudipteryx.

“Criei animações de computador imitando as exibições hipotéticas de Caudipteryx e as apresentei aos gafanhotos no laboratório”, explica em comunicado Jinseok Park, um dos autores do artigo e pesquisador da Universidade Nacional de Seoul, na Coreia do Sul. "Usei equipamentos acessíveis e baratos para registrar as respostas dos neurônios [dos insetos].”

Os pesquisadores descobriram que as reações dos neurônios dos gafanhotos eram mais altas em relação às animações com proto-asas do que aquelas sem. Eles observaram também que 93% dos insetos testados fugiram quando as proto-asas do robô foram usadas em comparação com apenas 47% que apresentaram o comportamento de fuga sem o uso dessas estruturas.

Os autores também associaram que os gafanhotos tinham mais probabilidade de fugir quando havia manchas brancas nas proto-asas e penas na cauda do Robopteryx.

Assim, os cientistas acreditam que os resultados poderiam ajudar a explicar por que as asas emplumadas evoluíram antes de serem capazes de permitirem que alguns dinossauros voassem.

“Propomos que usar a plumagem para assustar criaturas poderia aumentar a frequência de perseguições após a fuga das presas, o que amplifica a importância das proto-asas e caudas em manobras para uma perseguição bem-sucedida", resume Sang-im Lee, ecologista membro da equipe de pesquisa.

O vídeo abaixo mostra o experimento do robô afugentando gafanhotos:

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