Ciência

Por Redação Galileu

Quando os colecionadores de fósseis Bill e Julie May, que há muitos anos têm peneirado material de uma pedreira de calcário em Oklahoma, nos Estados Unidos, encontraram uma pele fossilizada, não imaginavam que poderia se tratar de uma relíquia mais antiga do que os dinossauros.

A dupla que frequenta o Richards Spur, um sistema de cavernas conhecido por seus fósseis de C. aguti, enviou uma amostra do achado para pesquisadores da Universidade de Toronto Mississauga, no Canadá. Na quinta-feira (11), eles publicaram um estudo sobre o material de 289 milhões de anos na revista Current Biology.

"Ficamos muito animados quando vimos a textura", relata Robert Reisz, paleontólogo da Universidade de Toronto Mississauga que participou do estudo, em entrevista à revista Nature. O material no frasco consistia em um fragmento escuro fossilizado, com apenas alguns milímetros de diâmetro.

Pele fossilizada — Foto: Current Biology/Mooney et al.
Pele fossilizada — Foto: Current Biology/Mooney et al.

Os pesquisadores cortaram a pele e examinaram uma seção transversal, na qual camadas distintas de epiderme e derme eram visíveis. Eles estimam que a amostra seja a pele mais antiga já encontrada do grupo dos amniotas, que inclui répteis, aves e mamíferos — todos vertebrados terrestres, exceto anfíbios.

A pele é 21 milhões de anos mais antiga que o detentor do recorde atual de pele mais antiga de amniota. Provavelmente pertencia a um pequeno animal parecido com lagarto conhecido como Captorhinus aguti.

Sistema de cavernas

A pele fossilizada é escura, quase preta, porque óleo estava penetrando na caverna durante seu processo de fossilização. Segundo Ethan Mooney, um dos alunos da Universidade de Toronto Mississauga a investigar o material, o que aconteceu foi "uma permeação e encapsulamento totais dos materiais orgânicos com hidrocarbonetos".

Moldes 3D de pele e fósseis de compressão de amniotas desconhecidos — Foto: Ethan D.Mooney et.al
Moldes 3D de pele e fósseis de compressão de amniotas desconhecidos — Foto: Ethan D.Mooney et.al

Acredita-se que a preservação da pele foi possível devido às características únicas do sistema de cavernas, que incluíam sedimentos finos de argila que retardavam a decomposição, infiltração de óleo e um ambiente que provavelmente era desprovido de oxigênio.

"Os animais teriam caído neste sistema de cavernas durante o início do Permiano e sido enterrados em sedimentos de argila muito fina que atrasaram o processo de decomposição", diz Mooney, em comunicado. "Mas o diferencial é que este sistema de cavernas também era um local ativo de infiltração de óleo durante o Permiano, e interações entre hidrocarbonetos no petróleo e alcatrão provavelmente foram o que permitiu a preservação desta pele."

Escamadas de anfíbios Lepospondil, temnospondil e de tetrápodes desconhecidos — Foto: Ethan D.Mooney et.al
Escamadas de anfíbios Lepospondil, temnospondil e de tetrápodes desconhecidos — Foto: Ethan D.Mooney et.al

A pele compartilha características com répteis antigos e atuais. Entre elas, uma superfície com pequenas saliências semelhante à pele de crocodilo, e regiões articuladas entre as escamas epidérmicas similares às estruturas da pele em cobras e lagartos de pernas reduzidas.

O fato de que esta pele antiga se assemelha à pele dos répteis vivos hoje mostra o quão importantes essas estruturas são para a sobrevivência em ambientes terrestres. É possível que a pele tenha permitido a evolução eventual de penas de pássaros e folículos pilosos de mamíferos.

A amostra será alojada junto de outros achados no Museu Real de Ontário, Canadá.

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