Ciência

Por Redação Galileu

A função do cabelo humano vai muito além da estética. Além de permitir a expressão da individualidade, ele também é responsável pela proteção da pele contra a radiação solar. E, para os primeiros humanos, ele ainda tinha outra função: regular a temperatura corporal.

A afirmação parte de um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Science. Ele diz que a textura do cabelo, em especial os com espirais mais fechados, auxiliou nossos ancestrais a se refrescarem enquanto conservavam a água. Essa descoberta também pode ajudar a entender uma adaptação evolutiva que permitiu que o cérebro humano crescesse até o seu tamanho atual.

A textura de cabelo é variável entre as populações do Homo sapiens. Mas, apesar dessa diversidade, de acordo com a nova pesquisa, nem sua função nem as consequências da variação em sua morfologia foram estudadas dentro de uma estrutura evolutiva. Em sua análise, a equipe de pesquisadores realizou experimentos que testaram a capacidade de termorregulação da estrutura capilar.

“Os humanos evoluíram na África equatorial, onde o Sol está sobre a cabeça a maior parte do dia, ano após ano”, disse Nina Jablonski, professora de antropologia da Universidade Penn State (EUA), em nota. “Queríamos entender como isso afetou a evolução do nosso cabelo.”

Os resultados evidenciaram que o cabelo bem encaracolado permite que os humanos fiquem frescos e realmente economizem água.

Morfologia capilar

Nesse experimento, a equipe utilizou um manequim térmico e algumas perucas de cabelo humano para simular como cada textura reagiria ao ganho de calor da energia solar e radiação. O modelo em forma humana utilizava energia elétrica para simular o calor do corpo, e permitiu que cientistas estudassem a transferência de calor entre a pele humana e o seu ambiente.

Os cientistas programaram o manequim para manter uma temperatura de superfície constante de 35°C – semelhante à temperatura média da superfície da pele –, e o colocaram em um túnel de vento de diferentes velocidades. A equipe fez medições básicas da perda de calor corporal monitorando a quantidade de eletricidade necessária ao manequim para manter uma temperatura constante.

Eles também acenderam lâmpadas na cabeça do manequim para imitar a radiação solar em quatro condições do couro cabeludo: sem nenhum fio; com madeixas lisas; com cachos moderados; e com fios crespos.

“Coletamos dados sobre os fluxos de calor convectivo, radiativo e evaporativo em quatro condições de cabelo no couro cabeludo – liso, ondulado e crespo bem como um couro cabeludo nu”, contam os especialistas no estudo.

George Havenith, diretor do Centro de Pesquisa em Ergonomia Ambiental da Universidade de Loughborough, Reino Unido, explica que o grupo calculou a diferença na perda total de calor entre as medições das lâmpadas e as medições de base para determinar o influxo de radiação solar na cabeça.

Eles também calcularam a perda de calor em diferentes velocidades do vento e depois de molhar o couro cabeludo para simular a transpiração. Então, analisaram seus resultados por meio de um modelo para estudar como as diversas texturas de cabelo afetariam o ganho de calor em 30°C e com 60% de umidade relativa, como ambientes na África Equatorial.

Os pesquisadores descobriram que todos os cabelos reduzem a radiação solar no couro cabeludo, mas os fios com espirais bem fechados fornecem a melhor proteção contra o calor radiativo do Sol, minimizando a necessidade de suar para se refrescar.

Regulando a temperatura

Ainda segundo os autores, embora a termorregulação seja importante para todos os seres vivos, os traços físicos e comportamentais que os humanos foram desenvolvendo ao longo das eras podem ter trazido novos desafios a esse mecanismo básico.

De acordo com o estudo, o surgimento de caminhadas bípedes ocorreu ao mesmo tempo que a evolução do tamanho cerebral maior há cerca de 2 milhões de anos. "Os custos do superaquecimento devido à produção de calor metabólico associado à locomoção foram multiplicados pelo aumento da sensibilidade ao calor de um cérebro grande", apontam os cientistas.

"A transpiração funciona em conjunto com um corpo aparentemente sem pelos para criar um sistema de resfriamento altamente eficaz. Mas essa resposta fisiológica tem um custo", acrescentam os autores.

"A transpiração aumenta a necessidade de reposição de fluidos e, portanto, de água potável. Isso pode levar à desidratação, o que representa um risco significativo também nas condições modernas. Portanto, uma adaptação evolutiva menos custosa para manter a temperatura corporal mais baixa, como os cabelos na cabeça, pode ter oferecido benefícios adicionais significativos a um hominídeo com estrutura cerebral", eles concluem.

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