Ciência

Por Redação Galileu

Aproximadamente 55% da população mundial vive agora em áreas urbanas; e, conforme a revisão da Perspectivas de Urbanização Mundial realizada pela Organização das Nações Unidas em 2018, estima-se que cerca de 68% viverão em cidades até 2050. Junto a essa mudança, espaços verdes podem ser deixados de lado – mesmo que sejam comprovados seus benefícios para a saúde.

Além de contribuir para um ar mais limpo e reduzir taxas de mortalidade e de doenças cardiovasculares, morar perto de espaços verdes também pode "rejuvenescer". Um estudo publicado na Science Advances na quarta-feira (28) descobriu que pessoas que têm acesso a espaços verdes podem ser, em média, 2,5 anos biologicamente mais jovens do que aquelas que não vivem perto de áreas assim.

A investigação partiu da análise de modificações químicas do DNA conhecidas como "metilação". Estudos anteriores demonstraram que esse processo se relaciona com os "relógios epigenéticos", os quais permitem que se preveja uma série de condições de saúde de uma pessoa, como doenças cardiovasculares, câncer e funções cognitivas. Além disso, essa análise genética é adotada por pesquisadores que buscam um jeito biologicamente mais preciso de se calcular a idade de alguém.

Rejuvenescendo

Kyeezu Kim, pós-doutoranda na Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, liderou o estudo que avaliou mais de 900 pessoas brancas e negras entre 1986 a 2006. Os voluntários tinham em média 45 anos e eram de quatro cidades norte-americanas: Birmingham, Chicago, Minneapolis e Oakland.

Usando imagens de satélite, a equipe avaliou quão próximas as casas dos participantes eram de vegetações e parques. Então, os pesquisadores analisaram esses dados junto com amostras de sangue coletadas nos anos 15 e 20 do estudo, para determinar a idade biológica dos indivíduos.

A equipe também construiu modelos estatísticos para avaliar os resultados e controlar outras variáveis, como educação, renda e fatores comportamentais como tabagismo, que poderiam afetar os resultados.

Eles descobriram que as pessoas cujas casas eram cercadas por 30% de espaço verde em um raio de cinco quilômetros eram, em média, 2,5 anos mais jovens biologicamente em comparação com aquelas cujas casas eram cercadas por apenas 20% de cobertura verde.

No entanto, esse benefício não foi compartilhado de forma igual. Pessoas negras com mais acesso ao espaço verde eram apenas um ano biologicamente mais jovens, enquanto as brancas eram três anos mais novas.

Kim explica, em entrevista à agência France Presse, que outros fatores podem afetar o grau desse benefício. É o caso do estresse, da qualidade do espaço verde circundante e até mesmo de outros apoios sociais. Por exemplo, parques usados ​​para atividades ilícitas em bairros menos favorecidos socialmente podem ser menos frequentados, anulando essa vantagem apontada pelo estudo.

Apesar da descoberta, a especialista pontua que mais estudos são necessários. Os próximos passos podem envolver a análise da ligação entre espaços verdes e resultados específicos de saúde, pois ainda não está claro como exatamente a proximidade da vegetação reduziria o envelhecimento biológico. Porém, a pesquisa recém-publicada é um primeiro passo para mudanças importantes.

“Acreditamos que nossas descobertas têm implicações significativas para o planejamento urbano em termos de expansão da infraestrutura verde para promover a saúde pública e reduzir as disparidades de saúde", conclui Kim.

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