Meio ambiente

Por Redação Galileu

Na perspectiva humana, os oceanos podem parecer eternos e imutáveis. Mas, na verdade, eles surgem, se desenvolvem e, eventualmente, se fecham. Um novo estudo indica que o oceano Atlântico pode entrar na fase de declínio “em breve”. Isso deve ocorrer por meio de um fenômeno que formaria um “anel de fogo”, como o que existe no Pacífico.

A formação e o fechamento de um oceano demora centenas de milhões de anos para acontecer. O processo é chamado de Ciclo de Wilson. No caso do Atlântico, a formação teve início há 180 milhões de anos, quando a Pangeia se fragmentou. Já o fechamento pode ser daqui a 20 milhões de anos — “em breve”, do ponto de vista geológico. A estimativa consta em um artigo da revista Geology publicado em 13 de fevereiro.

Os pesquisadores chegaram à conclusão ao construírem um modelo computacional 3D, que demonstrou como pode ocorrer o fechamento do Atlântico. Teoricamente, seria necessária a formação de novas zonas de subducção (áreas em que uma placa tectônica desliza sob outra). Mas, como isso é difícil de acontecer, é possível que alguma zona de subducção já existente migre, por exemplo, do Mediterrâneo para o Atlântico — configurando uma invasão de subducção.

O modelo geodinâmico mostra como se originou a zona de subducção localizada abaixo do Estreito de Gibraltar e indica que ela ainda está ativa. A expectativa é de que ela permaneça em uma fase mais calma por 20 milhões de anos e, depois, se mova para o Atlântico, contribuindo para formar o sistema de subducção desse oceano.

Evolução da zona de subducção de Gibraltar, durante um período que vai de 30 milhões de anos atrás até 50 milhões de anos no futuro — Foto: João C. Duarte/Duarte et al., 2024
Evolução da zona de subducção de Gibraltar, durante um período que vai de 30 milhões de anos atrás até 50 milhões de anos no futuro — Foto: João C. Duarte/Duarte et al., 2024

Com a migração da zona de subducção de Gibraltar, deve se formar um Anel de Fogo do Atlântico, uma estrutura assim denominada em analogia ao Anel de Fogo do Pacífico, uma área na qual há diversos vulcões ativos e uma maior suscetibilidade a terremotos devido à movimentação das placas tectônicas em zonas de subducção da região.

“Há outras duas zonas de subducção no outro lado do Atlântico – as Pequenas Antilhas, no Caribe, e o Arco de Scotia, perto da Antártica. No entanto, elas invadiram o Atlântico há vários milhões de anos”, explica o pesquisador João Duarte, da Universidade de Lisboa.

Mapa destaca as zonas de subducção do Atlântico. A oeste, os arcos já desenvolvidos das Pequenas Antilhas e de Scotia. À leste, o incipiente arco de Gibraltar — Foto: João C. Duarte/Duarte et al., 2018
Mapa destaca as zonas de subducção do Atlântico. A oeste, os arcos já desenvolvidos das Pequenas Antilhas e de Scotia. À leste, o incipiente arco de Gibraltar — Foto: João C. Duarte/Duarte et al., 2018

“Estudar Gibraltar é uma oportunidade inestimável, pois permite a observação do processo nos seus primeiros estágios enquanto ainda está acontecendo”, afirma Duarte, em comunicado.

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