Um Só Planeta

Por Redação Galileu

Um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Copenhague (Dinamarca) e publicado no periódico Nature Communications nesta terça-feira (25) recalculou um prazo alarmante para o meio ambiente. Os autores acreditam que o sistema de correntes oceânicas que atualmente distribui frio e calor entre a região do Atlântico Norte e os trópicos irá parar completamente em 2060 se os níveis de gases de efeito estufa que emitimos hoje permanecerem os mesmos.

A previsão se baseia em observações de sinais de alertas precoces do colapso que as correntes oceânicas exibem à medida que se tornam instáveis. De acordo com os pesquisadores, os primeiros indícios já haviam sido relatados anteriormente por cientistas, mas só agora, com métodos estatísticos mais avançados, foi possível prever um período para o colapso.

O estudo levou em conta dados de temperatura oceânica dos últimos 150 anos. Com isso, foi determinado que a chamada Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês) vai falhar entre 2025 e 2095 – sendo que 2037 é o ano mais provável para essa crise. A análise destaca que a taxa de certeza sobre essa ocorrência é de 95%.

A importância da AMOC

A AMOC faz parte de um sistema global de correntes oceânicas. Esses fluxos de água são movidos por mudanças na salinidade e na temperatura dos oceanos, num processo chamado circulação termoalina.

Nas latitudes mais ao norte da Terra, a circulação garante que a água da superfície seja convertida em correntes oceânicas profundas e voltadas para o sul. Esse movimento cria espaço para que mais águas superficiais sejam movidas para o norte a partir das regiões equatoriais. Assim, a circulação termoalina é crítica para manter o clima relativamente ameno da região do Atlântico Norte.

Como a AMOC atua nessa redistribuição de calor dos trópicos para as regiões mais setentrionais da região atlântica, ela vem sendo continuamente monitorada desde 2004. Essas análises são feitas por instrumentos ancorados, cabos submarinos e medições de superfície feitas por satélites.

Os pesquisadores da Universidade de Copenhague checaram as temperaturas da superfície do mar em uma área específica do Atlântico Norte desde 1870 até os dias atuais. Essas medições funcionam como "impressões digitais" da força da AMOC.

Os autores observaram que a circulação termoalina tem operado em seu modo atual desde a última era glacial, quando a circulação de fato entrou em colapso. Além disso, saltos climáticos abruptos entre o estado atual da AMOC e o estado em declínio ocorreram 25 vezes em conexão com o clima da era glacial.

Esses são os eventos de Dansgaard-Oeschger, que foram observados pela primeira vez na camada de gelo da Groenlândia. Nesses períodos, as mudanças climáticas foram extremas, com mudanças de 10 a 15 graus celsius ao longo de uma década, enquanto a mudança climática atual é de 1,5 graus de aquecimento em um século.

Alerta

O estudo da Universidade de Copenhague não é o primeiro a apontar que a AMOC pode entrar em declínio. Uma pesquisa alemã publicada no periódico Nature Climate Change em agosto de 2021 já havia chamado atenção para a causa, apesar de não oferecer uma previsão de colapso como a análise mais recente.

Além disso, o estudo dinamarquês contradiz o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) publicado em março, que, com base em simulações de modelos climáticos, considerou muito improvável uma mudança abrupta na circulação termoalina no século 21.

"O declínio da AMOC pode ter consequências muito sérias para o clima da Terra. Isso pode, por exemplo, alterar a forma como o calor e a precipitação são distribuídos globalmente”, alerta Peter Ditlevsen, coautor do estudo e professor do Instituto Niels Bohr, em comunicado. “Embora um resfriamento da Europa possa parecer menos severo à medida que o globo como um todo se torna mais quente e as ondas de calor ocorrem com mais frequência, esse colapso contribuirá para um aumento do aquecimento dos trópicos, onde a elevação das temperaturas já deu origem a condições de vida desafiadoras."

O autor conclui: “Nosso resultado reforça a importância de reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa o mais rápido possível”.

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