Autoridades do Alasca, nos Estados Unidos, registraram a primeira morte de um urso polar (Ursus maritimus) pelo vírus da gripe aviária H5N1, sugerindo que o agente infeccioso está se espalhando para as partes mais remotas do planeta.
A informação foi divulgada na última terça-feira (2) pelo jornal britânico The Guardian. O óbito do urso polar, conforme a publicação, foi confirmado em dezembro de 2023 pelo Departamento de Conservação Ambiental do Alasca. Mas o animal foi encontrado morto dois meses antes, em outubro, perto de Utqiagvik, a comunidade mais ao norte dos Estados Unidos.
A descoberta do H5N1 no tecido corporal do urso exigiu amostragem e estudo pelo Departamento de Gestão da Vida Selvagem de North Slope Borough e outras agências, que confirmaram a gripe aviária como a causa da morte.
"Este é o primeiro caso relatado [de gripe aviária] de um urso polar, em qualquer lugar", disse Bob Gerlach, veterinário estadual do Alasca, ao site Alaska Beacon. Segundo ele, embora os ursos polares normalmente se alimentem de focas, é provável que o urso estivesse comendo cadáveres de pássaros infectados quando contraiu o vírus.
No entanto, o urso não precisaria ter comido diretamente uma ave infectada para ficar doente. "Se um pássaro morre disso, especialmente se for mantido em um ambiente frio, o vírus pode ser mantido por um tempo no ambiente", explicou Gerlach.
Mortes de mamíferos
Os ursos polares estão listados como “vulneráveis” na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), principalmente devido à perda de gelo marinho.
Para especialistas, a morte de um animal da espécie não foi surpreendente, considerando que ursos-negros e ursos pardos também morreram do vírus H5N1. É possível que mais ursos polares tenham sucumbido à gripe aviária, em lugares remotos fora da visão das pessoas para registrar os eventos.
O atual surto de H5N1 começou em 2021 e matou milhões de aves selvagens e milhares de mamíferos ao redor do mundo. Águias carecas, raposas e gaivotas estão entre as espécies que morreram do vírus no Alasca nos últimos meses.
"Ele [o vírus H5N1] esteve na Antártida e agora está no Ártico, em mamíferos — é horrível", disse Diana Bell, professora emérita de biologia da conservação na Universidade de East Anglia, na Inglaterra, ao The Guardian. "E ainda assim, não estou surpresa. Nos últimos dois anos, a lista de mamíferos mortos se tornou enorme."
A gripe não é só uma doença de aves, alertou a especialista. "As áreas polares são particularmente vulneráveis à gripe aviária porque contêm muitos animais que não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo e que nunca foram expostos a vírus semelhantes", pontuou. "Também estão entre os lugares mais afetados pelo colapso climático."