Meio ambiente

Por Redação Galileu

Um estudo publicado no periódico Nature Communications e financiado pela Nasa e pela National Science Foundation é considerado a maior avaliação sobre o bem-estar dos pássaros. Focando nas causas da morte de pássaros e a relação dos falecimentos com as cidades, o levantamento combinou mais de 10 milhões de observações de radar com a paisagem e outras informações para tentar explicar por que as aves escolhem descansar onde descansam.

“Nosso estudo é notável porque combina big data – é muito processamento – da rede de radares de vigilância meteorológica com big data de múltiplos sensores espaciais para abordar questões chave sobre a influência das áreas urbanas na migração das aves”, explica em nota o coautor do estudo, o professor da Universidade Estadual de Michigan Geoff Henebry.

Dos 49 fatores de previsão analisados, a poluição luminosa foi o segundo fator que mais influenciou os animais. O primeiro foi elevação, indicativo de onde os pássaros estão voando, sem expor para onde estão indo. Os padrões criados pelas aves migratórias detectados pelo radar tendem a seguir as linhas costeiras ou uma determinada elevação. Entretanto, a iluminação é o principal indicador que a influência humana interfere na migração das aves.

De acordo com o autor principal do estudo, Kyle Horton, professor assistente na Universidade Estadual do Colorado, as luzes da cidade atraem os pássaros para o que pode ser uma armadilha ecológica.

Isso porque os prédios podem tornar as cidades um local ruim para aves migratórias, ao levar a menos habitat, colisões, alimentos mais escassos, mais pessoas e gatos. O que é preocupante pois a migração é um período arriscado e exaustivo na vida de uma ave. Ao migrarem por milhares de quilômetros, podem perder metade de sua massa corporal.

Portanto, encontrar um bom lugar para descansar e reabastecer é fundamental para que as aves migratórias sobrevivam e prosperem quando chegarem ao seu destino. “Esses locais de parada são os postos de abastecimento”, disse Horton. “Se você estiver em uma viagem pelo país e não houver postos de abastecimento, você ficará preso. Se não tiverem um bom local para reconstruir o abastecimento de energia, a migração não poderá acontecer.”

A pesquisa se destaca por desenvolver os primeiros mapas continentais de pontos críticos de escala de migração nos Estados Unidos e reconhecer esses padrões em larga escala que podem ajudar no desenvolvimento de planos de conservação.

Soluções alternativas

A preferência das aves pelas cidades inicia um enigma de conservação: os centros urbanos devem ser considerados como paradas importantes ou alvos de campanhas de apagamento de luzes? No momento, Horton e os seus colegas estão trabalhando com organizações governamentais e sem fins lucrativos para fazer ambos, mas a iluminação urbana envolve muitas partes interessadas.

Por mais que as pessoas argumentem que necessitam das luzes, os autores alertam que a poluição luminosa também é prejudicial, uma vez que pode perturbar os ritmos circadianos dos humanos, levando a problemas de saúde como depressão, insônia, doenças cardiovasculares e câncer.

“Nem sempre pensamos na luz como um poluente, mas ela verifica todos os requisitos do que é poluição”, explicou Horton.

Toutinegras do Tennessee como essas estavam entre as quase 1.000 aves que morreram em uma única noite em outubro, após colidirem com o prédio do Centro de Convenções McCormick Place, em Chicago — Foto: Kyle Horton
Toutinegras do Tennessee como essas estavam entre as quase 1.000 aves que morreram em uma única noite em outubro, após colidirem com o prédio do Centro de Convenções McCormick Place, em Chicago — Foto: Kyle Horton

Uma ferramenta que pode auxiliar os humanos a entender melhor os passarinhos é o BirdCast, um projeto colaborativo entre a CSU, o Cornell Lab of Ornithology e a Universidade de Massachusetts. Ele fornece previsões de migração e mapas em tempo real de radar meteorológico. Qualquer pessoa pode criar alertas para ser notificada quando pássaros estiverem voando perto de sua cidade. As previsões identificam quais noites são mais importantes para reduzir a poluição luminosa.

Além disso, os autores reforçam que a modernização das janelas com adesivos de pontos ou linhas em grade pode ajudar a evitar colisões, ao servirem como barreiras para os animais.

Outra mudança que os seres humanos podem fazer é diminuir o brilho e suavizar a cor das luzes. Já que luzes brancas ou azuis brilhantes são as piores para a vida selvagem, enquanto tons mais quentes, como vermelho, laranja e amarelo, são menos atraentes.

Um dos grandes exemplos de como essa tática funciona são as torres de comunicação , que costumavam emitir luz vermelha ou branca contínua para alertar as aeronaves, atraindo pássaros que circulavam pelas torres, atingindo os fios que as prendiam.

Até que, em 2016, com base em pesquisas de conservação, a Administração Federal de Aviação começou a exigir que as torres de comunicação usassem luzes vermelhas piscantes, reduzindo drasticamente as colisões de pássaros.

Caso de Chicago

Segundo um estudo de 2014 citado no artigo, cerca de quase um bilhão de aves colidem com edifícios nos Estados Unidos todos os anos. Como ocorreu na madrugada de 4 a 5 de outubro no Centro de Convenções McCormick Place, em Chicago, quando quase mil aves foram mortas em uma única noite em outubro. As vítimas no Centro de Convenções, de acordo com Chicago Field Museum, pertenciam a cerca de 33 espécies registradas de pássaros canoros.

Esses tipos de pássaros são conhecidos por terem canto harmonioso e beneficiam pessoas ao comerem insetos que assolam plantações e jardins, polinizando plantas e distribuindo sementes.

“Se desligássemos todas as luzes esta noite, não haveria colisão de pássaros”, disse Horton. “O impacto é imediato e positivo para as aves.”

Mais recente Próxima População afetada por ciclones tropicais aumentou drasticamente desde 2002
Mais de Galileu

Cientistas observaram região acima da Grande Mancha Vermelha com o telescópio James Webb, revelando arcos escuros e pontos brilhantes na atmosfera superior do planeta

Formas estranhas e brilhantes na atmosfera de Júpiter surpreendem astrônomos

Yoshiharu Watanabe faz polinização cruzada de trevos da espécie "Trifolium repens L." em seu jardim na cidade japonesa de Nasushiobara

Japonês cultiva trevo recorde de 63 folhas e entra para o Guinness

Especialista detalha quais são as desvantagens do IMC e apresenta estudo que defende o BRI como sendo mais eficaz na avaliação de saúde

Devemos abandonar o IMC e adotar o Índice de Redondeza Corporal (BRI)?

Consumidores de cigarro eletrônico apresentam índices de nicotina no organismo equivalentes a fumar 20 cigarros convencionais por dia, alertam cardiologistas

Como o cigarro (inclusive o eletrônico) reduz a expectativa de vida

Artefatos representam as agulhas de pedra mais antigas que se tem registro até hoje. Seu uso para confecção de roupas e tendas para abrigo, no entanto, é contestado

Agulhas de pedra mais antigas da história vêm do Tibete e têm 9 mil anos

Cofundador da Endiatx engoliu durante palestra da TED um aparelho controlado por um controle de PlayStation 5 que exibiu imagens em tempo real de seu esôfago e estômago; assista

Homem ingere robô "engolível" e transmite interior de seu corpo para público

Pesquisadores coletaram amostras do campo hidrotérmico em profundidades de mais de 3 mil metros na Dorsal de Knipovich, na costa do arquipélago de Svalbard

Com mais de 300ºC, campo de fontes hidrotermais é achado no Mar da Noruega

Além de poder acompanhar a trajetória das aves em tempo real, o estudo também identificou as variáveis oceanográficas que podem influenciar na conservação dessas espécies

6 mil km: projeto acompanha migração de pinguim "Messi" da Patagônia até o Brasil

Estudo é passo inicial para que enzimas produzidas pelo Trichoderma harzianum sejam usadas para degradar biofilmes orais

Substância secretada por fungos tem potencial para combater causa da cárie dental

Lista traz seleção de seis modelos do clássico brinquedo, em diferentes tipos de formatos, cores e preços; valores partem de R$ 29, mas podem chegar a R$ 182

Ioiô: 5 modelos profissionais para resgatar a brincadeira retrô