Pesquisadores descobriram uma âncora de um navio naufragado em 1906 na Baía de Biscayne, na Flórida, Estados Unidos. A embarcação a vapor, chamada St. Lucie, afundou durante um furacão enquanto transportava mais de 100 pessoas, incluindo residentes pioneiros de Miami.
A descoberta foi anunciada em 17 de novembro pelo Parque Nacional de Biscayne. A âncora foi localizada em julho pelo arqueólogo marítimo Joshua Marano, dos Parques Nacionais do Sul da Flórida.
"Essa descoberta oferece a oportunidade de destacar uma conexão significativa e tangível entre uma tragédia no mar ocorrendo no atual Parque Nacional de Biscayne e eventos históricos mais amplos e desafios acontecendo em Miami e em toda a região", disse Marano, em comunicado.
Conforme a rádio pública norte-americana NPR, o arqueólogo encontrou a âncora enquanto visitava com dois estagiários alguns dos mais de 80 naufrágios conhecidos do parque. Foi quando o comportamento de uma tartaruga chamou sua atenção em uma parte da Baía de Biscayne que nunca havia sido pesquisada.
Marano resolveu averiguar a situação de perto e descobriu que a tartaruga havia nadado até o fundo e estava sentada sob uma âncora de ferro de 2 metros de comprimento, perto do local onde o St. Lucie afundou.
O naufrágio foi um dos piores desastres marítimos confirmados no que agora é o Parque Nacional de Biscayne. O navio afundou a quase 4 metros de profundidade, matando 26 pessoas. A embarcação transportava trabalhadores, engenheiros e famílias de funcionários da Ferrovia da Costa Leste da Flórida.
O navio de cerca de 37 metros tinha 14 camarotes e poderia transportar razoavelmente até 150 passageiros. Construída em Delaware, em 1888, a embarcação foi um dos oito barcos rasos comprados pela Ferrovia da Costa Leste para transportar trabalhadores e suprimentos no final do século 19.
Em 18 de outubro de 1906, o barco navegou em um furacão feroz enquanto transitava entre Miami e Knights Key. A embarcação enfrentou a pior parte da tempestade cerca de 40 km ao sul de Miami, perto de Elliott Key, onde tentou navegar perto da costa e lançou várias âncoras para tentar resistir.
Mas a tragédia ocorreu inevitavelmente. Apesar dos esforços do Capitão Steve Bravo, o navio acabou virando e forçou os sobreviventes a nadar até a ilha próxima, que estava quase inundada pela maré de tempestade. Mais de uma dúzia de pessoas morreram.
O casco do St. Lucie foi eventualmente levantado, reformado e continuou em serviço no arquipélago de Florida Keys por mais alguns anos. Embora houvesse rumores que os mortos do desastre foram enterrados em Elliott Key, a maioria dos corpos recuperados foi trazida para Miami para o enterro.
Pelo menos 21 cadáveres foram recuperados, sendo que vários indivíduos foram enviados para suas casas ou enterrados em cemitérios privados, mas muitos foram sepultados em duas valas comuns no então segregado Cemitério da Cidade de Miami.
Por enquanto, não há planos de levantar a âncora, dadas suas grandes dimensões e os custos de conservação. Porém, o parque está trabalhando para produzir uma interpretação digital do artefato, incluindo uma representação 3D que será disponibilizada online no futuro.