Arqueologia

Por Redação Galileu

Especialistas escavaram dois templos construídos um sobre o outro em Tello, no Iraque. O edifício mais recente, que remonta ao século 4 a.C., pode ter uma ligação com Alexandre, o Grande, e ter sido dedicado ao semideus grego Hércules (e seu equivalente sumério, Ningirsu).

Segundo divulgou o site Live Science nesta quinta-feira (7), o templo de estilo helenístico continha um tijolo cozido com uma inscrição em aramaico e grego que faz referência a um "doador de dois irmãos". "A inscrição é muito interessante porque menciona um nome babilônico enigmático escrito em grego e aramaico", conta Sebastien Rey, arqueólogo e curador de Mesopotâmia Antiga no Museu Britânico, que liderou a escavação, ao Live Science.

O nome é "Adadnadinakhe", que significa "Adad, o doador de irmãos". Segundo o arqueólogo, trata-se de um título cerimonial. "Todas as evidências apontam para o fato de que o nome era extraordinariamente raro", afirma Rey.

Um tijolo contendo uma inscrição com o nome Adadnadinakhe, que significa 'Adad, o doador de irmãos' — Foto: The Girsu Project
Um tijolo contendo uma inscrição com o nome Adadnadinakhe, que significa 'Adad, o doador de irmãos' — Foto: The Girsu Project

Ao explorar o local do templo duplo, além de descobrirem a inscrição, os pesquisadores encontraram uma moeda grega antiga de prata enterrada sob um altar ou santuário. O item apresenta o raio e uma águia que simbolizam o deus grego do céu, Zeus.

Possivelmente, a moeda foi cunhada na Babilônia sob a autoridade de Alexandre, o Grande, segundo Rey. "Mostra Hércules em um retrato jovem e barbeado que lembra fortemente representações convencionais de Alexandre de um lado, com Zeus do outro", detalha o arqueólogo.

O pesquisador explica que na época se acreditava que "Zeus reconheceu Alexandre como seu filho por meio do oráculo de Amom". "Ele se tornou literalmente o 'doador de irmãos' porque afirmou um vínculo fraternal entre Alexandre e Hércules", esclarece.

Visita de Alexandre?

Apesar da ligação do templo com Alexandre, o Grande, os arqueólogos não sabem se o rei macedônio, que reinou de 336 a.C. a 323 a.C., de fato visitou o local. Rey acredita que o governante pode ter tido a oportunidade de ir lá, seja durante sua estadia em Babilônia, seja durante um desvio do caminho para a cidade de Susa.

"Significativamente, ele conseguiu pagar seus soldados após tomar a Babilônia porque os cofres da cidade foram entregues a ele", conta o especialista. "Isso significava que Alexandre e seus generais tinham controle sobre a riqueza da região, e eles presumivelmente usaram a prata babilônica para cunhar as muitas moedas que foram cunhadas na cidade."

No templo, os pesquisadores encontraram oferendas normalmente feitas após uma batalha, incluindo figuras de soldados em argila vindas de várias partes do mundo helenístico. "Entre elas estão os cavaleiros macedônios a cavalo, que têm fortes associações com Alexandre. No entanto, também podem estar associados a um culto de heroísmo guerreiro", afirma Rey.

Com isso, é possível, segundo o arqueólogo, que Alexandre tenha tido uma participação direta na recriação do templo. Ou pode ser que o local passou a ter um memorial do rei macedônio após sua morte prematura.

No mesmo local do templo com ligações a Alexandre e Hércules, arqueólogos do Museu Britânico, em Londres, descobriram um santuário mais antigo durante um projeto que busca investigar a história da cidade suméria de Girsu.

O fato de um novo templo ter sido erguido no mesmo local onde outro estava 1,5 mil anos antes não foi coincidência. "Isso mostra que os habitantes da Babilônia no 4º século a.C. tinham um vasto conhecimento de sua história", disse Rey. "O legado dos sumérios ainda era muito vibrante."

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