Arqueologia

Por Redação Galileu

Detectores de metais descobriram 15 moedas de ouro em um campo aberto em Anglesey, uma ilha no País de Gales. Os achados, que foram oficialmente declarados como tesouro pelo governo galês na quarta-feira passada (9), estão bem conservados e representam o primeiro dinheiro da Idade do Ferro a ser encontrado na região.

Conhecido como “estáter”, esse tipo de moeda também circulava na Grécia antiga. Altamente estilizadas, as peças foram derivadas de moedas de ouro macedônias de Filipe II, que serviu como rei do antigo reino da Macedônia, e apresentam o busto do deus grego Apolo usando uma coroa de flores de um lado (“cara”) e uma carruagem de dois cavalos do outro (“coroa”).

Três entusiastas da arqueologia foram os responsáveis por encontrar as moedas entre julho de 2021 e março de 2022: Lloyd Roberts, Peter Cockton e Tim Watson. Em comunicado à imprensa, eles descrevem que sentiram “choque, alegria e surpresa” ao se depararem com os achados. “Encontrar um estáter de ouro sempre foi o número um na minha lista de desejos. Mas nunca esperei, de fato, encontrar um; muito menos em Anglesey”, conta Roberts.

Depois que a descoberta das moedas veio a público, a Gwynedd Archaeological Trust, organização que presta serviços de consultoria arqueológica ao governo, visitou o local para verificar se nele havia alguma característica arqueológica visível na superfície. A esperança era achar pistas do porquê das moedas terem sido enterradas; porém, a missão não teve sucesso.

Detalhes entalhados nas moedas encontradas em Anglesey — Foto: Divulgação/Amgueddfa Cymru/Museu Nacional
Detalhes entalhados nas moedas encontradas em Anglesey — Foto: Divulgação/Amgueddfa Cymru/Museu Nacional

“Este tesouro é um exemplo fantástico da rica paisagem arqueológica que existe no noroeste do País de Gales”, explica Sean Derby, arqueólogo da instituição. “Embora as imediações da descoberta não forneçam nenhuma pista sobre a origem da descoberta, o local encontra-se em uma área conhecida de atividade pré-histórica e romana, e ajuda a aumentar nossa compreensão dessa região”.

O Esquema de Antiguidades Portáteis, organização administrada pelo Museu Britânico e pelo Museu do País de Gales, estima que as moedas foram cunhadas entre 60 e 20 a.C. Provavelmente, elas foram feitas em três casas de moeda diferentes no que hoje é o condado inglês de Lincolnshire.

É possível que as moedas tenham sido enterradas pela tribo Corieltavi, que ocupou a região durante o final da Idade do Ferro. As comunidades que habitam o País de Gales não faziam suas próprias moedas e raramente usavam o dinheiro de outras tribos. Por isso, esses achados são tão raros.

Os pesquisadores acreditam que as moedas não eram usadas ​​para transações cotidianas da mesma maneira como as usamos hoje. Em vez disso, especialistas sugerem que elas tenham sido manipuladas ​​como oferendas aos deuses e também como presentes entre as elites para garantir alianças ou lealdade.

Comércio, política e religião estavam inextricavelmente ligados na Idade do Ferro. Por isso, o tesouro encontrado do País de Gales pode ter sido enterrado por um ou vários motivos. Sacerdotes pagãos aparecem em fontes romanas referindo-se a Anglesey como um importante centro religioso, o que pode sugerir um uso ceremonial das moedas. Outra possibilidade apontada por pesquisadores é a de que os Corieltavi tenham trocado essas peças por cobre.

“Esta descoberta local é uma notícia emocionante. As moedas são de importância nacional e estamos entusiasmados por adquiri-las para a coleção do museu de Anglesey e exibi-las ao público”, afirma Ian Jones, gerente de coleções do museu Oriel Môn.

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