Arqueólogos encontraram uma pedra com o formato parecido ao de um pênis na Torre de Meira, uma fortaleza medieval na comunidade autônoma de Galiza, na Espanha. Apesar de seu formato inusitado, o objeto não tinha propósitos sexuais, servindo para afiar armas na Idade Média.
A equipe da instituição arqueológica Árbore Arqueoloxía Restauración S. Coop. Galega, que encontrou a pedra fálica, anunciou a descoberta no Facebook em 22 de maio.
De acordo com o site espanhol Treinta y seis, os especialistas investigam o sítio arqueológico há três anos. Em postagem na rede social, a instituição anunciou que, após quase dois meses de investigação e movimentações de toneladas de entulho, a fase de escavação da Torre de Meira estava chegando ao fim.
Torre de Meira
Um dos arqueólogos da equipe, Darío Peña, informa que a Torre de Meira foi um antigo castelo, assaltado durante as Revoltas Irmandinhas (1467-1469). O próprio dono da fortaleza pode ter dado a ordem de derrubá-la.
O especialista afirma que a pedra fálica de 15 centímetros é do século 15. Pelas marcas em uma das laterais, acredita-se que se tratava de uma ferramenta para afiar armas e outros utensílios.
“Na nossa cultura, tudo o que se relaciona com a sexualidade é mais modesto e nos contextos medievais não é tão comum encontrar este tipo de representação”, conta Peña em entrevista ao Treinta y seis.
Revoltas Irmandinhas
Segundo a National Geographic, as Revoltas Irmandinhas foram um conflito com enormes episódios violentos que derrubaram castelos e fortalezas. A Santa Irmandade do Reino da Galiza era constituída por camponeses, artesãos, clérigos e burgueses que, após décadas de extorsão e violência desenfreada por parte dos senhores feudais, se levantaram em armas por toda a Galiza.
Elementos como o pênis de pedra eram muito comuns em sítios pré-históricos, romanos ou celtas, mas são menos encontrados na Europa medieval.
À National Geographic, Peña explicou que o objeto fálico "materializa a associação simbólica entre violência, armas e masculinidade” e representa “uma associação que sabemos existir na Idade Média e que também está presente em nossa cultura hoje".
Escavações
Na primeira fase de escavações na Torre de Meira, destruída em 1476, o local foi escavado e restaurado pela Árbore Arqueoloxia. "Encontramos cerâmica de uso comum e outro tipo de cerâmica mais cuidada, de Manises. É um tipo de cerâmica que era cara na época e reflete que as pessoas que podiam passar pela torre tinham um certo estatuto", diz o arqueólogo.
Há um ano, as escavações passaram a se focar na parede que envolve o edifício e, eventualmente, para a estrutura principal. Os arqueólogos pretendem continuar o trabalho após obterem licenças necessárias. As peças recuperadas serão analisadas e depositadas no Museu de Pontevedra, na Espanha.