Espaço

Por Redação Galileu

Por volta do ano 1665, astrônomos como o italiano Giovani Cassini e o inglês Robert Hooke notaram que Júpiter tinha uma mancha escura circular na sua superfície. Apelidada de “Mancha Permanente”, ela ficava visível por cinco horas do dia, até a rotação do planeta tirá-la da visão terrestre.

A mancha observável na superfície do planeta vizinho, décadas depois, passou a ser conhecida como Grande Mancha Vermelha de Júpiter — um sistema anti-ciclônico que gira no sentido anti-horário a cada seis dias.

Porém, de acordo com um novo estudo, publicado no último domingo (16) na revista Geophysical Research Letters, a tempestade que vemos hoje é muito mais recente e jovem, formada há 190 anos. Portanto, pode não ser a mesma avistada pela primeira vez no século 17, há quase 360 anos.

Pesquisadores de Universidades da Catalunha, na Espanha, determinaram que a formação da Grande Mancha Vermelha de Júpiter ocorreu, há 190 anos, devido a uma instabilidade nos poderosos ventos do planeta, gerando uma célula de movimentação atmosférica duradoura.

Mas e a primeira mancha? Só há registros da mancha descrita por Galileu e Cassini até 1713, quando foi perdida de vista pelos astrônomos da época. Foi somente em 1831 que ela foi observada novamente.

"A 'Mancha Permanente' provavelmente desapareceu em algum momento entre a metade do século 18 e o século 19", disse Agustín Sánchez-Lavega, um dos autores do artigo, em comunicado.

No estudo publicado recentemente, os pesquisadores usaram de fontes históricas datadas em meados de 1600 para investigar décadas de observações oscilantes da mancha.

“Foi muito inspirador recorrer às notas e desenhos de Júpiter e da sua Mancha Permanente, feitos pelo grande astrónomo Jean Dominique Cassini, e aos seus artigos da segunda metade do século 17 que descrevem o fenômeno”, disse Sánchez-Lavega. “Outros antes de nós exploraram estas observações, e, agora, podemos analisar os resultados.”

Os astrônomos fizeram simulações com supercomputadores, testando três modelos de comportamento de vórtices atmosféricos. Os resultados apontaram que uma instabilidade nos ventos poderia ter produzido uma célula atmosférica alongada, de formato semelhante ao da Mancha, que depois encolheu com o tempo.

Desenhos da mancha por Cassini em Júpiter em 1665, junto com imagens atuais da mancha (D) — Foto: Eric Sussenbach
Desenhos da mancha por Cassini em Júpiter em 1665, junto com imagens atuais da mancha (D) — Foto: Eric Sussenbach

A última medição da mancha datava de 1879, quando tinha 39 mil quilômetros de extensão. Atualmente, ela possui um diâmetro aproximadamente equivalente ao da Terra, totalizando 14 mil quilômetros, o que representa uma diminuição significativa.

Além disso, as observações meteorológicas feitas pela sonda espacial Juno em 2021, que orbita Júpiter, indicaram que a Grande Mancha Vermelha é mais rasa e fina do que se pensava — um detalhe valioso para desvendar sua formação.

Considerada o maior vórtice planetário conhecido do Sistema Solar, a Grande Mancha, nas suas margens externas, tem ventos que atingem velocidades de 450 km por hora. Sua cor vermelha, resultado de reações químicas na atmosfera, cria um contraste com as outras nuvens claras do planeta gasoso.

Agora, novos estudos são necessários para compreender os processos físicos que mantêm a sua estabilidade. Os pesquisadores também buscarão prever se a mancha tem chances de se desintegrar e desaparecer, similar ao que pode ter acontecido com a Mancha Permanente de Cassini e Galileu, ou se ela irá continuar com um tamanho determinado, podendo persistir por muitos anos.

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