Arqueologia

Por Redação Galileu

Arqueólogos escavaram uma antiga sinagoga medieval na cidade andaluza de Utrera, na Espanha. A construção do século 14 já foi usada como discoteca, além de hospital, orfanato e restaurante. Sua descoberta foi divulgada no último dia 7 de fevereiro em coletiva de imprensa.

Segundo o jornal britânico The Guardian, o prefeito de Utrera, José María Villalobos, disse que foi feita uma busca de dois anos pela sinagoga. Isso significa, de acordo com ele, que “agora podemos ter certeza científica” sobre a descoberta.

O templo é uma das poucas sinagogas que sobreviveram à expulsão dos judeus da Espanha em 1492. Os praticantes do judaísmo foram expulsos ou obrigados a se converter após o Decreto de Alhambra, promulgado pelos reis católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão para “proteger” a população de espanhóis praticantes do catolicismo.

“Até agora, havia apenas quatro desses edifícios em toda a Espanha – dois em Toledo, um em Segóvia e um em Córdoba”, contou Villalobos. “Esse é um edifício excepcional que faz parte de Utrera e da vida de seus habitantes há 700 anos.”

A sinagoga perdida é citada em registros de mais de 400 anos. Em uma publicação de 1604, Rodrigo Caro, um padre, historiador e poeta local, descreveu uma área do centro da cidade como havia sido nos séculos anteriores: “Naquele lugar, havia apenas estrangeiros e judeus… sua sinagoga onde hoje fica o Hospital de la Misericordia”, relatou.

Pesquisadores descobriram área da arca da Torá e o salão de orações durante a escavação  — Foto: Prefeitura de Utrera
Pesquisadores descobriram área da arca da Torá e o salão de orações durante a escavação — Foto: Prefeitura de Utrera

No final de 2022, pesquisadores confirmaram a existência do templo citado por Caro ao descobrirem a arca da Torá e o salão de orações da sinagoga. “Era como decifrar hieróglifos. Uma vez que tínhamos essa chave, tudo se juntou”, recorda o arqueólogo Miguel Ángel de Dios, líder da investigação.

Para o pesquisador, além do valor patrimonial do edifício, o que o deixa feliz é saber que sua equipe pode recuperar uma parte importante da história de Uretra, assim como da Península Ibérica. “A história dos judeus sefarditas foi praticamente apagada ou escondida por muito tempo”, ele lamenta.

O governo espanhol só aprovou em 2015 uma lei que oferecia cidadania aos descendentes dos judeus expulsos em 1492, como meio de “correção histórica”. Mais de 130 mil pessoas solicitaram a cidadania sob o esquema antes dele terminar em 2019, conforme o The Guardian.

De Dios espera que a descoberta da sinagoga ajude os espanhóis a refletirem sobre seu passado e seu presente. “Isso é como uma janela, ou como um megafone através do qual os judeus sefarditas podem falar conosco”, considerou.

Uma visitação pública paralela aos trabalhos arqueológicos está prevista no edifício, que foi comprado pelo conselho municipal há quatro anos. De Dios acredita que o local ainda pode revelar muitos outros segredos. A próxima fase da investigação seria verificar se havia uma casa rabínica nas proximidades e talvez uma escola religiosa.

Confira vídeo compartilhado no Facebook pela prefeitura de Utrera que mostra os espaços da sinagoga recém-descoberta:

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