Arqueologia

Por Redação Galileu

Ao analisar os restos de esqueletos encontrados em túmulos de 4.500 a 5 mil anos atrás, uma equipe de pesquisadores acredita ter encontrado as primeiras evidências de seres humanos andando a cavalo. Os resultados do estudo foram publicados na última sexta-feira (3) na revista Science.

Em comunicado à imprensa, os pesquisadores apontam que os achados são do povo Yamnayan. Acredita-se que esse grupo migrou das estepes pôntico-cáspias para encontrar pastagens mais verdes nos territórios atuais da Romênia até a Sérvia. Por lá, desenvolviam atividades pastoreiras com gado e ovinos, possivelmente em cima dos cavalos, como se vê até hoje.

O uso de animais para transporte marcou uma virada na história da humanidade, relatam os pesquisadores. O ganho em mobilidade teve efeitos profundos no uso da terra, no comércio e na guerra.

Evidências da equitação no corpo

Volker Heyd, um dos arqueólogos responsáveis pela descoberta, conta que a equitação parece ter evoluído pouco tempo depois da domesticação de cavalos nas estepes ocidentais da Eurásia. Segundo ele, a prática já era comum em membros da cultura Yamnaya entre 3 mil e 2.500 a.C.

Para chegar aos resultados, a equipe analisou mais de 217 esqueletos de 39 locais. “Diagnosticar padrões de atividade em esqueletos humanos não é inequívoco. Não há traços singulares que indiquem uma determinada ocupação ou comportamento. Somente em sua combinação, como uma síndrome, os sintomas fornecem informações confiáveis ​​para entender as atividades habituais do passado”, explica Martin Trautmann, principal autor do estudo.

Os autores usaram seis critérios diagnósticos, estabelecidos como indicadores da atividade equestre. São esses: locais de inserção muscular na pelve e osso da coxa; mudanças na forma redonda dos encaixes do quadril; marcas causadas pela pressão da borda acetabular no colo do fêmur; o diâmetro e a forma da haste do fêmur; degeneração vertebral causada por impacto vertical repetido; e traumas ​​por quedas, chutes ou mordidas de cavalos.

Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico, a equipe também desenvolveu um sistema de pontuação que organiza os esqueletos analisados em uma escala de potencial na cavalaria. Dos 156 adultos da amostra total, 24 (15,4%) foram classificados como "possíveis cavaleiros" e outros nove indivíduos como "cavaleiros altamente prováveis".

“A prevalência bastante alta dessas características no registro do esqueleto, especialmente no que diz respeito à completude geral limitada, mostra que essas pessoas andavam a cavalo regularmente”, afirma Trautmann. O especialista indica, porém, que ainda é cedo para associar a cavalgada a uma conveniência do estilo de vida, sem a atribuir a algum tipo de status social, por exemplo. Para ele, mais pesquisas são necessárias a fim de compreender sua dimensão no contexto da cultura Yamnaya.

Para o futuro, a expectativa é que sejam realizadas reavaliações dos tesouros encontrados, bem como o estudo de artefatos ainda mais antigos. Segundo os especialistas, essa região constitui uma zona de contato onde os grupos nômades se encontraram pela primeira vez com comunidades de agricultores, o que a torna rica em termos arqueológicos.

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