Arqueologia

Por Redação Galileu

Pesquisadores do Santuário Marinho Nacional de Thunder Bay, nos Estados Unidos, descobriram uma embarcação naufragada a centenas de metros abaixo da superfície do Lago Huron, um dos cinco Grandes Lagos, localizado entre o estado do Michigan (EUA) e a província de Ontário (Canadá). A investigação concluiu tratar-se do veleiro Ironton, que afundou há quase 130 anos, em 1894.

O descobrimento foi feito a partir do uso de tecnologias de ponta. As imagens obtidas mostram que o navio está bem preservado pelas águas doces e frias dos Grandes Lagos e permanece com seus três mastros de pé, como estava no dia de seu naufrágio.

Durante seus 21 anos de uso, Ironton atuou como uma barcaça que, rebocada por embarcações maiores, carregou grãos, madeira e minérios pela região. Medindo 190 pés (57,9 metros) de comprimento e 35 pés (10,6 metros) de largura, era capaz de transportar cerca 1.250 toneladas de carvão.

Naufrágio

Ironton afundou no dia 26 de setembro de 1894 em uma colisão com outra embarcação, Ohio, que também naufragou. O barco estava sem carga, com apenas sete marinheiros a bordo, e era rebocado pelo navio Charles J. Kershaw, junto de outra barcaça, Moonlight.

Em dado momento, o motor de Charles J. Kershaw falhou, deixando os três navios à deriva. Os relatos indicam que, reféns dos fortes ventos, o cabo de reboque do Ironton foi cortado de forma a evitar a colisão dos barcos. A ação, porém, fez com que o veleiro fosse levado para longe dos demais.

A filmagem do ROV de Ironton revela o bote salva-vidas ainda amarrado à popa do navio afundado — Foto: Divulgação/NOAA/Programa de Veículos Submarinos UNCW
A filmagem do ROV de Ironton revela o bote salva-vidas ainda amarrado à popa do navio afundado — Foto: Divulgação/NOAA/Programa de Veículos Submarinos UNCW

Sob a direção do capitão Peter Girard, a tripulação do Ironton lutou para recuperar o controle do navio, ligando o motor a vapor auxiliar. Mas, apesar dos esforços, o barco saiu do curso e entrou no caminho do cargueiro Ohio. A colisão foi inevitável e os dois foram totalmente danificados.

Ohio estava carregado de mercadorias e, assim, afundou rapidamente. Os 16 tripulantes a bordo conseguiram escapar em botes salva-vidas e com a ajuda de outros navios próximos.

Os marinheiros de Ironton não tiveram a mesma sorte. Depois de danificada, a embarcação saiu da vista dos outros barcos. À deriva por mais de uma hora antes de afundar por completo, a tripulação de sete homens recuou para o bote salva-vidas.

Contudo, em meio à comoção, ninguém desamarrou o “pintor” (corda que prendia o bote ao navio), fazendo com que o salva-vidas fosse levado para o fundo do lago junto com os destroços de Ironton. O capitão e outros quatro tripulantes morreram.

Um dos sobreviventes, William W. Parry, contou a um jornal da época que Parry (outro marinheiro que conseguiu escapar do acidente) e ele se agarraram aos destroços flutuantes enquanto lutavam contra o vento e as ondas geladas do Lago Huron. Passaram-se horas até que outra embarcação, o navio Charles Hebard, os avistasse para o resgate.

Descoberta dos destroços

Embora os relatórios do naufrágio e os relatos das testemunhas oculares descrevam a área geral do naufrágio de Ironton, sua localização exata permaneceu um mistério por mais de 120 anos. Mesmo depois da descoberta de Ohio em 2017, a 91,4 metros da superfície, demoraria mais alguns anos até a identificação do veleiro.

A partir de 2019, pesquisadores do Santuário Marinho Nacional de Thunder Bay partiram em uma nova expedição de mapeamento no Lago Huron. Com o uso de dois veículos de exploração marítima chamados BEN e RV Storm, o sonar retornou com imagens de um naufrágio que correspondia à descrição de Ironton.

Imagem de sonar da escuna-barcaça Ironton no fundo do lago  — Foto: Divulgação/Ocean Exploration Trust/NOAA
Imagem de sonar da escuna-barcaça Ironton no fundo do lago — Foto: Divulgação/Ocean Exploration Trust/NOAA

Por meio de um robô subaquático, a equipe de cientistas confirmou a identidade do navio com imagens de vídeo. Em junho de 2021, foram conduzidas operações para coletar imagens de alta resolução e documentar ainda mais os destroços. Assim foi possível verificar que a embarcação estava na posição vertical e incrivelmente bem preservada.

O santuário planeja desenvolver materiais educativos para ajudar a contar a história de Ironton e de outros naufrágios na região, incluindo exposições e produtos multimídia. A equipe também pretende implantar uma boia de ancoragem no local dos destroços do veleiro, de forma a ajudar os mergulhadores a visitarem-no com segurança.

"A descoberta de Ironton nos inspira a continuar explorando", afirma Jeff Gray, superintendente do Santuário, em comunicado. “Continuaremos a mapear a região de Thunder Bay e esta pesquisa levará a ainda mais descobertas sobre os Grandes Lagos e a coleção única de naufrágios que repousam no seu leito”.

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