• Redação Galileu
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Entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, o reator nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, perto da cidade de Pripiat, na Ucrânia, explodiu e queimou durante um teste – o que se tornou o pior desastre nuclear da história (Foto: Reprodução/ Vladyslav Cherkasenko Unsplash)

Entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, o reator nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, perto da cidade de Pripiat, na Ucrânia, explodiu e queimou durante um teste – o que se tornou o pior desastre nuclear da história (Foto: Reprodução/ Vladyslav Cherkasenko Unsplash)

Desde a invasão do território ucraniano por tropas russas nesta quinta-feira (24), o mundo acompanha a movimentação dos soldados na região – e toda a geopolítica mundial. Algumas horas depois da invasão, a Rússia tomou Chernobyl, cidade no norte da Ucrânia onde, em 1986, o derretimento de um reator nuclear causou o pior desastre nuclear da história.

Entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, o reator nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, perto da cidade de Pripyat, na Ucrânia, explodiu e queimou durante um teste. Nessa ocasião, foi liberada cerca de 400 vezes mais radiação do que o bombardeio a Hiroshima, no Japão, em 1945.

A partir do acidente em Chernobyl, as autoridades soviéticas da época estabeleceram o conceito de Zona de Exclusão de Chernobyl. O objetivo era limitar, por meio do isolamento, a letalidade do acidente na usina nuclear. Em algumas regiões, a terra deve ser abandonada por centenas de anos. Em outras, é possível que haja presença de humanos.

Por que, então, o Kremlin se interessaria pela invasão da região de Chernobyl, um dos lugares mais radioativos da Terra, na região norte da Ucrânia? As atenções de todo o mundo, afinal, estavam voltadas para a região leste, onde há mais conflitos separatistas e onde fica a fronteira com a Rússia.

A resposta é, aparentemente, simples: a rota mais curta para a capital da Ucrânia, Kiev, fica justamente ao norte do país – e passa pela zona isolada ao redor da usina de Chernobyl. Isso fez com que a região se tornasse uma zona que precisa ser defendida, forçando os militares ucranianos a mandar forças de segurança para a floresta ainda radioativa.

Mapa mostra confronto reportado em 24 de fevereiro na cidade de Pripyat, ao lado de Chernobyl, rumo à capital  ucraniana, Kiev (Foto: Wikimedia Commons)

Mapa mostra confronto reportado em 24 de fevereiro na cidade de Pripyat, ao lado de Chernobyl, rumo à capital ucraniana, Kiev (Foto: Wikimedia Commons)

As tropas da Ucrânia carregam, além das armas, equipamentos para detectar a exposição à radiação na região. “Não importa se está contaminada ou se ninguém mora aqui. É nosso território, nosso país, e devemos defendê-lo”, disse o tenente-coronel Yuri Shakhraichuk, do serviço de guarda da fronteira ucraniana, em entrevista concedida em janeiro ao jornal americano The New York Times, quando a ameaça de um conflito armado já preocupava as autoridades.

Já era sabido que, caso ocorresse uma invasão na área, as tropas ucranianas não seriam suficientes para repelir as russas. As tropas se posicionaram principalmente para detectar sinais de alerta. Segundo Shakhraichuk, eles estavam coletando informações sobre a situação ao longo da fronteira e as transmitiam às agências de inteligência da Ucrânia. Com o aumento das tensões entre Ucrânia, Rússia e Belarus, há dois meses, forças ucranianas adicionais foram enviadas à região.

A zona de Chernobyl cobre cerca de 1,6 mil quilômetro quadrado, abrangendo a rota direta mais curta da fronteira da Belarus até Kiev. Mesmo que não seja necessariamente a rota de invasão mais provável, porque é pantanosa e densamente florestada, a possibilidade não foi descartada pela Ucrânia – o que se confirmou nesta quinta-feira.

A região de Chernobyl, apesar de inabitável, atrai turistas para visitas curtas. Esse turismo gera uma certa renda, e tende a ser visto como um momento de aprendizado na história recente.