Saúde

Por Marília Marasciulo


Hipertensão: conheça 6 sinais de alerta para a pressão alta (Foto: Thirdman/Pexels) — Foto: Galileu
Hipertensão: conheça 6 sinais de alerta para a pressão alta (Foto: Thirdman/Pexels) — Foto: Galileu

Silenciosa e traiçoeira, a hipertensão arterial atinge cerca de 30% da população adulta do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No ano passado, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) referentes a 2019 revelaram que 38,1 milhões de brasileiros receberam o diagnóstico de hipertensão. Popularmente conhecida como pressão alta, esse é um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares, entre elas infarto e acidente vascular cerebral. É também bastante onerosa para os sistemas de saúde: mais da metade dos pacientes no Brasil usam o Sistema Único de Saúde (SUS) para tratá-la, que desembolsou pouco mais de R$ 2 bilhões em 2018 em tratamentos da doença.

Um dos principais problemas é que pouca gente sabe que tem hipertensão antes que seja tarde demais. “A maioria dos pacientes não sente absolutamente nada e é isso que faz a hipertensão ser tão traiçoeira”, diz José Kawazoe Lazzoli, cardiologista, médico do esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE). “Quem convive com a pressão elevada tem também mais risco de desenvolver outras doenças, pois vive com uma sobrecarga constante no sistema circulatório."

Para explicar o tamanho da encrenca, Lazzoli compara o nosso sistema circulatório a uma bomba com uma mangueira. O coração, a bomba, tem como função enviar sangue para as mais de 10 trilhões de células no corpo. Para isso, ele se contrai, aumentando a pressão no sistema, e então relaxa, diminuindo a pressão.

O problema é que, por motivos nem sempre bem estabelecidos — a maioria dos casos não tem uma única causa identificável — essa mangueira está apertada em alguns pontos. Isso faz o coração ter que bombear com mais força para vencer a resistência e fazer o sangue circular. Em pessoas saudáveis, a pressão é de 120 mmHg por 80 mmHg, mais conhecida como 12/8. A temida hipertensão ocorre quando esse valor ultrapassa 14/9.

A boa notícia é que o tratamento evoluiu muito nos últimos anos. “É uma doença evitável ou pelo menos tratável, existe um arsenal enorme de medicamentos que podem ser usados, com posologia cômoda e sem efeitos colaterais, e a maioria disponível na rede pública”, diz o cardiologista Dante Senra, coordenador das Unidades de Terapia Intensiva e Clínica Médica do Hospital Igesp. “Hoje, já estamos quase podendo dizer que só tem hipertensão mal controlada quem quer.”

Mas, para isso, é preciso ter o diagnóstico e, caso a hipertensão seja detectada, aderir ao tratamento indicado pelo médico. Ter a pressão aferida por um profissional ao menos uma vez por ano é o primeiro passo. Além disso, os especialistas apontam seis sinais de alerta para a hipertensão:

1. Idade
Segundo Senra, após os 50 anos, o risco de hipertensão aumenta 50%. A partir disso, sobe 10% a cada dez anos. Ele explica que em média 60% dos idosos são hipertensos. O especialista da SBMEE completa: “quanto mais a pessoa vive, maior o risco de endurecimento das artérias.”

2. Sobrepeso e excesso de sal
Ainda segundo Senra, um Índice de Massa Corporal maior que 30 aumenta o risco de hipertensão de entre 5 a 6 vezes. Muito disso pode estar relacionado a dietas com muitos alimentos industrializados e ricos em sódio. A OMS recomenda o consumo de no máximo 5 gramas de sal por dia, e a média brasileira é de 12 gramas por dia — estamos atrás somente dos países asiáticos. E não adianta só variar o tipo de sal. “Muita gente opta por sal rosa do Himalaia ou algum outro tipo, mas isso não muda nada. O único que poderia ser alguma alternativa é o sal light, que tem metade de cloreto de sódio e metade de cloreto de potássio”, diz Senra.

3. Sedentarismo
Ainda nos fatores de risco comportamentais, o sedentarismo aumenta em 30% o risco de pressão alta. Isso porque o estilo de vida sedentário pode provocar alterações vasculares e metabólicas que prejudicam o sistema circulatório, como o enrijecimento das artérias. O ideal é praticar 150 minutos de exercícios moderados ou 60 minutos de exercícios fortes por semana.

Mas Lazzoli faz um alerta de que magreza, alimentação equilibrada e atividades físicas não são como uma "vacina" contra a hipertensão. A recomendação é manter os hábitos saudáveis, sem abrir mão do acompanhamento médico anual.

4. Tabagismo
O cigarro tem substâncias que provocam a vasoconstrição, ou seja, “apertam” a mangueira do sistema circulatório. Por isso, os fumantes devem prestar atenção à pressão arterial.

5. Genética
O histórico familiar também tem um peso importante para a hipertensão, ainda que não se saiba quanto pode ser atribuído a genética e o que tem relação com fatores ambientais. É que pessoas com parentes de primeiro grau hipertensos têm risco maior de acabar com pressão alta, mas isso pode ser decorrente de uma convivência mais intensa e hábitos alimentares compartilhados, por exemplo. “O histórico familiar não é algo mensurável, mas vale ter cuidado redobrado, porque o risco é grande”, diz Lazzoli.

Além disso, a hipertensão é mais comum e persistente em pessoas negras. De novo, não se sabe ao certo o quanto é devido à genética ou a níveis socioeconômicos e educacionais mais baixos. No Brasil, 75% das pessoas mais pobres são negras, enquanto 70% das mais ricas são brancas, segundo o IBGE.

6. Dor de cabeça, tontura e cansaço
As raras pessoas que apresentam sintomas de hipertensão costumam relatar dor de cabeça, principalmente na nuca e no período da tarde, tontura e cansaço ou falta de ar. Tontura, náusea e zumbido nos ouvidos também podem ser sintomas, e às vezes confundidos com labirintite. A única maneira de saber, porém, é medindo a pressão com frequência.

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