• Redação Galileu
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Vacina contra a asma funciona em animais e deve ser testada em humanos em breve (Foto: Scientific Animations/Wikimedia Commons)

Vacina contra a asma funciona em animais e deve ser testada em humanos em breve (Foto: Scientific Animations/Wikimedia Commons)

Um combate mais efetivo e duradouro contra a asma pode estar mais próximo, indica novo estudo do Instituto de Doenças Infecciosas e Inflamatórias de Toulouse, do Instituto Pasteur e da empresa de biotecnologia Neovacs, todas localizadas na França. Trata-se de uma vacina, já testada em camundongos, que estimula uma resposta imunológica contra a asma alérgica.

Publicada no início de maio no periódico Nature Communications, a pesquisa traz resultados pré-clínicos da eficácia e segurança de uma vacina de combate à doença respiratória que afeta cerca de 340 milhões ao redor do mundo.

Na asma alérgica, uma partícula inofensiva como um grão de poeira pode desencadear uma resposta imunológica prejudicial ao corpo. Se um ácaro é considerado perigoso para os pulmões ou tubos bronquiais, a reação corporal imediata é a liberação de substâncias que o ataquem, processo que pode causar dificuldade para respirar e ruídos nas vias respiratórias.

As substâncias produzidas são a imunoglobulina E (IgE) e duas citocinas relacionadas à inflamação de tipo 2, que obstrui vias aéreas: a interleucina-4 (ou IL-4) e a interleucina-13 (ou IL-13). O uso de medicamentos corticoides inalatórios é um dos padrões de tratamento para o controle da asma, mas em casos graves são necessários anticorpos monoclonais que combatem a IgE , a IL-4 e a IL-13 — abordagem essa que é mais cara e requer uma administração a longo prazo, incluindo injeções frequentes.

A vacina desenvolvida pelas organizações francesas surge como alternativa ao tratamento contínuo. Sua composição é uma junção entre as citocinas recombinantes (ou biossintéticas) IL-4 e IL-13 e a proteína CRM197, uma forma mutante não patogênica da toxina diftérica. Essa toxina está associada a uma infecção contagiosa do trato respiratório e é frequentemente usada em vacinas conjugadas.

Os resultados em modelos animais mostraram que a vacina induz a produção de anticorpos direcionados contra as citocinas liberadas pelo corpo. Seis semanas após a primeira injeção, 90% dos camundongos apresentaram altos níveis de anticorpos, que ainda foram observados em 60% dos roedores mais de um ano após a aplicação. 

O imunizante também se mostrou eficaz em diminuir os níveis de IgE, a produção de muco e a hiperresponsividade das vias aéreas, sintomas comuns em quadros de asma alérgica. Não foi observado nenhum tipo de efeito adverso nos animais.

Os achados ainda terão de ser testados em humanos para confirmar a eficácia e segurança da vacina, mas os ensaios com os camundongos podem ser um sinal promissor para testes clínicos. “A ideia é estabelecer no futuro uma abordagem preventiva para populações em risco de desenvolver uma forma grave de asma”, disse o pesquisador do Instituto de Doenças Infecciosas e Inflamatórias de Toulouse Laurent Guilleminault ao jornal francês La Dépêche.