• Larissa Lopes
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UFPR pretende iniciar testes clínicos de vacina contra Covid-19 em 6 meses (Foto: Marcos Solivan (Sucom UFPR))

UFPR pretende iniciar testes clínicos de vacina contra Covid-19 em 6 meses (Foto: Marcos Solivan (Sucom UFPR))

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) deve protocolar um pedido à Anvisa para começar ensaios clínicos com sua candidata à vacina contra a Covid-19 nos próximos seis meses. É o que estima o reitor da instituição, Ricardo Marcelo Fonseca, em coletiva de imprensa virtual realizada nesta segunda-feira (26).

O avanço para as pesquisas com humanos irá depender dos resultados de testes pré-clínicos, que são feitos em animais e têm apresentado resultados positivos. Segundo o professor Emanuel Maltempi de Souza, vice-diretor do setor de Ciências Biológicas da UFPR, já foram feitos três ensaios com camundongos. Após a administração de duas doses do imunizante, amostras de sangue dos animais apresentaram níveis muito altos de anticorpos, apontando uma eficácia igual ou até mesmo superior à da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca.

“Nós obtivemos reação positiva contra a proteína do Sars-Cov-2 com soro diluído pelo menos 16 mil vezes”, afirma o pesquisador. “Em algumas situações, diluímos o soro em 500 mil vezes e ainda tivemos uma resposta positiva. Isso mostra um alto nível de produção de anticorpos.”

De acordo com Souza, para concluir a fase pré-clínica, ainda são necessários três ensaios-chave. O primeiro deles verificará a capacidade de neutralização da vacina, ou seja, se o anticorpo produzido pelo animal é capaz de bloquear a infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2. O segundo teste deverá checar se os animais vacinados desenvolvem a Covid-19 se expostos ao vírus. Por fim, o terceiro ensaio analisará se diferentes concentrações da vacina provocam danos à saúde dos ratinhos. Caso seja comprovado que a fórmula é segura, os testes devem seguir para a fase de estudos em humanos, prevista para acontecer ainda em 2021.

A UFPR receberá um investimento de R$ 700 mil da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF), vinculada à Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) do Governo do Estado do Paraná. Além disso, a própria universidade deve empregar R$ 35 mil na pesquisa. O projeto já conta com o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), no valor de R$ 230 mil.

O aporte financeiro para o desenvolvimento de vacinas nacionais é de extrema importância para o enfrentamento da pandemia no país. "Se não avançarmos, ficaremos dependentes de quem possui a tecnologia, como no momento atual", resume Souza. Estima-se que a produção de cada dose do imunizante paranaense custe de R$ 5 a R$ 10, o que o tornaria uma opção de vacina de baixíssimo custo para o país.