• Redação Galileu
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Representação da Estação Espacial Internacional (ISS) passando sobre a Flórida, nos EUA  (Foto: Nasa )

Representação da Estação Espacial Internacional (ISS) passando sobre a Flórida, nos EUA (Foto: Nasa )

Em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia, a parceria entre a Nasa e a Roscosmos, a agência espacial russa, sofreu desgastes. Isso tem resultado em temores de que o conflito na Terra ameace as operações da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

O laboratório em órbita terrestre é um símbolo do pós-Guerra Fria e envolve contribuições de 15 países diferentes. Mas seu futuro pode estar em risco, já que o governo russo ameaça abandonar sua colaboração na instalação, em decorrência das sanções econômicas impostas pelo Ocidente em resposta à invasão russa no território ucraniano. 

As preocupações com a ISS começaram em 24 de fevereiro, quando Dmitry Rogozin, chefe da Roscosmos, fez uma série de posts no Twitter criticando as sanções decretadas pelo presidente norte-americano, Joe Biden, contra os russos e seu programa espacial.

Rogozin acusou Biden de querer “destruir” o mercado mundial espacial a partir de 1º de janeiro de 2023, impondo punições aos veículos lançadores russos. “Estamos cientes”, escreveu o diretor. “Você quer destruir nossa cooperação na ISS?”, questionou ele, que é conhecido por declarações polêmicas.

"Se você bloquear a cooperação conosco, quem salvará a Estação Espacial Internacional com uma órbita descontrolada de cair nos Estados Unidos ou… na Europa?", acrescentou o chefe da Roscosmos, citando também a possibilidade da estrutura de 500 toneladas atingir a Índia ou a China. "A ISS não sobrevoa a Rússia, portanto todos os riscos são seus. Você está pronto para eles?", disse.

Alemanha em meio à tensão

A ISS é tripulada por astronautas russos, norte-americanos e também alemães. Por isso, a Alemanha não escapou desse mal-estar: a Roscosmos anunciou em seu perfil no Twitter nesta quinta-feira (3) que não cooperará com os alemães em experimentos conjuntos no segmento russo da ISS.

A agência informou que pretende realizar seus trabalhos científicos “de forma independente”. “O programa espacial russo será ajustado contra o pano de fundo das sanções, a prioridade será a criação de satélites no interesse da defesa”, tuítou a Roscosmos.

Cientistas conduziram na ISS o primeiro estudo arqueológico em um ambiente espacial  (Foto: Nasa)

Estação Espacial Internacional (ISS) corre risco de ter de interromper suas operações devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia (Foto: Nasa)

Mesmo com a Rússia descartando parcerias globais, a ISS está autorizada a permanecer em operação até 2024. A Nasa, contudo, anunciou recentemente uma intenção de estender o projeto até 2030. A Roscosmos não apoia essa ideia: “estender o acordo nas condições atuais nos causa ceticismo", afirmou a agência espacial russa, em comunicado à imprensa.

Nasa busca saídas

Apesar da guerra, a Nasa continuou publicando normalmente atualizações sobre experimentos a bordo da ISS. É possível ainda que a agência espacial norte-americana esteja se preparando para continuar as operações sem a Rússia. A empresa Northrop Grumman já até se ofereceu para construir um sistema de propulsão de foguetes que substituiria o dos russos, segundo o site Vox.






Outra possível ajuda pode vir de Elon Musk, CEO da Space X. Ele também sugeriu no Twitter que poderia contribuir com uma possível defasagem na ISS, ao postar o logotipo da empresa em resposta a um tuíte do diretor da Roscosmos. Na postagem, Rogozin perguntava outra vez quem salvaria o laboratório de uma queda descontrolada.

A agência espacial russa anunciou que não fornecerá motores RD-181 que alimentam o foguete Antares, usado pela Nasa para levar suprimentos ao laboratório espacial. A Space X, contudo, já transporta astronautas até a estação espacial desde 2020.