Espaço
Astronautas compartilham progresso do crescimento de plantas no espaço
Experimentos fazem parte do projeto Veggie, que estuda a "agricultura espacial" com o objetivo de sustentar equipes em futuras missões para a Lua ou para Marte
2 min de leituraRealizar pesquisas no espaço não é uma tarefa simples. Além das várias questões técnicas envolvidas no processo, os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) precisam lidar com um desafio emocional: a saudade de casa. E, para enfrentar esse problema, um dos recursos utilizados são as plantas.
Michael Hopkins, comandante da Crew-1, missão da Nasa e da SpaceX, explica que as plantas representam uma conexão com a Terra e, por isso, ele dedica parte do seu tempo à função de “jardineiro espacial”. Apesar de ter um valor sentimental para Hopkins, a ação também é importante do ponto de vista científico e contribui para experimentos da agência espacial estadunidense.
Conhecido como Sistema de Produção Vegetal (ou Veggie), o programa da Nasa tem como objetivo estudar o crescimento de plantas sob microgravidade. A vantagem é clara: fornecer alimentos frescos aos astronautas e aprimorar o bem-estar psicológico da equipe durante a estadia no laboratório orbital.
Em fevereiro, Hopkins iniciou os experimentos VEG-03K e VEG-03L e foi no mês de abril que os resultados surgiram. Foram testadas sementes de “Extra Dwarf Pak Choi" e “Amara Mustard”, que cresceram por 64 dias — o maior período já registrado na Estação Espacial Internacional para folhas verdes.
A pak choi, que é um tipo de repolho chinês, cresceu por tanto tempo que flores começaram a aparecer, como parte do ciclo reprodutivo da planta. O processo foi favorecido pela polinização feita por Hopkins com o auxílio de um pequeno pincel, contribuindo para a alta produção de sementes.
A colheita foi aprovada pelos astronautas, que utilizaram os vegetais cultivados no espaço para complementar as refeições. “Para nós, essa é uma missão cumprida”, afirma, em nota, Matt Romeyn, cientista que participa do projeto a partir do Kennedy Space Center, nos Estados Unidos. “A equipe está gostando de cultivar e comer as sementes, e esses são os tipos exatos de safra que podemos enviar em uma estadia lunar de longa duração”, complementa.
O sucesso dos experimentos também traz boas notícias para as próximas missões. No caso das frutas, que deverão chegar ao espaço ainda esse ano, é necessário que haja uma polinização similar à realizada por Hopkins. Além disso, sementes de tomate serão enviadas em 2022. “Tudo que aprendemos na ISS e na Lua irá permitir que, um dia, façamos isso na rota para Marte”, finaliza Romeyn.