• Redação Galileu
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Reconstituição de mulher que estava entre os moradores mais ricos da Boêmia da Idade do Bronze (Foto: Moravské zemské muzeum)

Reconstituição de mulher que estava entre os moradores mais ricos da Boêmia da Idade do Bronze (Foto: Jan Cága/ Moravské zemské muzeum/Reprodução/Facebook)

Com base em restos mortais encontrados no norte da República Tcheca, pesquisadores reconstruíram o rosto de uma mulher que viveu na Idade do Bronze, há 4 mil anos. O retrato dela foi compartilhado no Facebook pelo Museu da Morávia, em 1º de junho.






O trabalho de reconstituição revelou uma mulher de cabelo escuro e baixa estatura, que estava entre os moradores mais ricos da Boêmia naquela época. Ela viveu entre 1880 a.C. e 1750 a.C., de acordo com a datação por radiocarbono do cemitério onde seus ossos foram encontrados.

O local de enterro, que contém 27 sepulturas ao todo, fica perto da vila de Mikulovice, próxima à fronteira com a Polônia. A área e as regiões vizinhas são conhecidas como Boêmia, porque compreendiam um reino com esse nome antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Os ossos e o crânio da mulher estavam bem preservados e ainda continham pedaços de DNA, cujas sequências genéticas permitiram identificar que ela tinha pele clara e olhos e cabelo castanhos.

A reconstituição foi feita pela antropóloga Eva Vaníčková e o escultor Ondřej Bílek, ambos do Museu da Morávia, em cooperação com o arqueólogo Michal Ernée, do Instituto Arqueológico da Academia de Ciências da República Tcheca.

Crânio de mulher da Idade do Bronze descoberto na República Tcheca (Foto: MZM)

Crânio de mulher da Idade do Bronze descoberto na República Tcheca (Foto: MZM)

Os estudiosos não sabem quem foi exatamente a mulher, porém acreditam que ela era muito rica e fazia parte da cultura Únětice, conhecida por seus artefatos de metal, incluindo cabeças de machado, punhais, pulseiras e colares. “Talvez seja o túmulo feminino mais rico de toda a região cultural de Únětice”, disse Ernée ao Live Science.

A mulher foi enterrada com cinco pulseiras de bronze, dois brincos de ouro, um colar de três fios com mais de 400 contas de âmbar e ainda três agulhas de costura de bronze.

Remontar suas roupas e diversos acessórios foi um trabalho à parte. Ludmila Barčáková, do Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências, refez o colar e os brincos; o metalúrgico Radek Lukůvka recriou as pulseiras e agulhas da mulher, e Kristýna Urbanová, arqueóloga especializada em têxteis, confeccionou as vestes femininas.

Esqueleto de mulher da Boêmia da Idade do Bronze descoberto em Mikulovice na República Tcheca (Foto: Jarmila Švédová)

Esqueleto de mulher da Boêmia da Idade do Bronze descoberto em Mikulovice na República Tcheca (Foto: Jarmila Švédová)

Mas essa não era a única dona de uma fortuna enterrada no cemitério. "Temos âmbar em 40% de todas as sepulturas femininas", conta Ernée, que afirma haver mais dessa resina fóssil no local de enterro do que em todas as sepulturas da cultura Únětice na Alemanha.






No cemitério havia ainda 900 objetos de âmbar, que fazem parte de um tesouro de artefatos. Como o DNA antigo pôde ser recuperado em outras ossadas, os pesquisadores trabalham para descobrir como os mortos estavam relacionados em vida, procurando também por diferenças regionais do período.

De acordo com Ernée, nas regiões vizinhas da Boêmia, os túmulos mais ricos são normalmente os de homens. É possível, portanto, que as mulheres que jazem no cemitério na República Tcheca controlassem mais riqueza, ou que tenham sido sepultadas com tesouros para exibir a fortuna de seus parentes do sexo masculino."Temos duas regiões vizinhas de uma cultura arqueológica, mas os sistemas sociais provavelmente não eram os mesmos", supõe o pesquisador.