• Redação Gallileu
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Caverna Cueva de Ardales do Paleolítico Médio em Málaga, na Espanha (Foto: Ramos-Muñoz et al.)

Caverna Cueva de Ardales do Paleolítico Médio em Málaga, na Espanha (Foto: Ramos-Muñoz et al.)

Por mais de 50 mil anos, povos pré-históricos usaram uma caverna em Málaga, na Espanha, como “tela” para obras de arte rupestre e local de sepultamento. Os resultados das primeiras escavações na gruta foram publicados nesta quarta-feira (1º) na revista científica PLOS ONE.






O lugar, chamado Cueva de Ardales, é conhecido por suas mais de mil pinturas e gravuras feitas por hominídeos, além de artefatos e restos humanos. Intrigados pelos achados, um time internacional de pesquisadores buscou entender melhor como a caverna era utilizada por esses ancestrais

Para isso, analisaram restos mortais e artefatos dentro da caverna e realizaram uma datação radiométrica, a fim de investigar a idade dos objetos a partir de substâncias radioativas presentes neles.

De acordo com a equipe, liderada por José Ramos-Muñoz, da Universidade de Cádiz, na Espanha, foram identificadas mais de 50 datas radiométricas que confirmam a presença de arte paleolítica de mais de 58 mil anos.

Ferramentas de pedra do Paleolítico Médio encontradas na caverna na Espanha  (Foto: Ramos-Muñoz et al.)

Ferramentas de pedra do Paleolítico Médio encontradas na caverna na Espanha (Foto: Ramos-Muñoz et al.)

Segundo comunicado, os cientistas concluíram também que o local foi provavelmente ocupado primeiro por Neandertais há mais de 65 mil anos. Os humanos modernos só chegaram mais recentemente, há 35 mil anos, usufruindo da caverna de modo esporádico até o início da Idade do Cobre.

A arte rupestre mais antiga do local é feita de sinais abstratos, como pontos, pontas de dedos e mãos com pigmento vermelho. Esse tipo de obra era a mais comum na Europa do Paleolítico, mas pode ter perpetuado por mais tempo. "Elas provavelmente refletem uma tradição muito longa de marcar as paredes das cavernas começando no Paleolítico Médio, ou mesmo antes, e até o Paleolítico Superior ou fases ainda mais jovens”, escrevem os autores na pesquisa. Desenhos mais recentes são, em geral, figurativos e mostram imagens de animais.






Já nos períodos Neolítico e Calcolítico, o lugar foi usado para sepultamentos, conforme mostraram restos humanos. Os especialistas acreditam, porém, que os hominídeos dessa época não viviam na caverna, já que não encontraram por lá indícios de atividades domésticas.