• Redação Galileu
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Restos de espanhóis com sífilis foram descobertos no Peru  (Foto: Município de Lima )

Restos de espanhóis com sífilis foram descobertos no Peru (Foto: Município de Lima )

Em um antigo hospital erguido há quase 500 anos em Lima, no Peru, arqueólogos descobriram rastros do primeiro cemitério da cidade. No local foram encontrados os restos mortais de 42 espanhóis com sífilis, segundo informou a prefeitura no último dia 25 de maio.






A descoberta ocorreu no Hospital Real de San Andrés, a instituição hospitalar mais antiga do Peru e da América do Sul, construída em 1552, no bairro de Barrios Altos. O lugar, que conserva até hoje um pátio, a capela e suas antigas enfermarias, funcionou até 1875, de acordo com comunicado da prefeitura.

Uma investigação no edifício em 2021 revelou as sepulturas humanas na área do cemitério hospitalar. A Equipe de Arqueologia de Lima localizou ainda uma cripta subterrânea na forma de uma estrutura abobadada de tijolos, que teria funcionado por quase 300 anos.

Escavações no cemitério no terreno de um antigo hospital no Peru  (Foto: Município de Lima )

Escavações no cemitério no terreno de um antigo hospital no Peru (Foto: Município de Lima )

Os corpos dos espanhóis estavam enterrados a apenas 30 centímetros abaixo do solo, segundo o site Daily Mail. A maioria dos ossos pertencia a homens, vários dos quais morreram de sífilis, mas também de deformidades no crânio. Um deles carregava no pescoço uma cruz, possivelmente feita de cobre, de acordo com a agência Associated Press (AP)

Héctor Walde, arqueólogo-chefe do município de Lima, conta que os pacientes que não sobreviviam ao tratamento da sífilis eram enterrados ali mesmo. Os que chegavam ao hospital eram colocados em leitos nos corredores e, de suas camas, podiam ouvir a missa. "O ritual e a religiosidade em Lima eram muito fortes", afirma o especialista.

Os pesquisadores encontraram fragmentos de cerâmica pré-hispânica no terreno e acreditam que o local também esconda os restos mortais de múmias dos últimos incas. Em trabalhos arqueológicos recentes, especialistas apontaram que o hospital pode ter guardado os corpos de pelo menos três governantes do Império Inca: Pachacutec, Huayna Capac e Tupac Yupanqui.

Restos mortais descobertos em hospital de quase 500 anos em Lima, no Peru  (Foto: Município de Lima)

Restos mortais descobertos em hospital de quase 500 anos em Lima, no Peru (Foto: Município de Lima)

Walde contou à AP sobre relatos de cronistas do século 16 que diziam que múmias foram enviadas a Cusco, capital do Império Inca, para o vice-rei Andrés Hurtado de Mendoza, em Lima. Os restos mumificados teriam sido levados ao hospital e colocados no subsolo. Não se sabe se eles ainda jazem lá ou onde estariam.

Segundo o arqueólogo, nos últimos 200 anos houve várias tentativas frustradas de encontrar esses restos. “Embora não seja o objetivo inicial deste projeto, também não negamos o interesse de poder encontrar as múmias reais durante o processo de escavação”, afirma Walde.






As escavações também revelaram pedaços dos primeiros azulejos de Lima e tijolos dos séculos 16 e 17. Pisos do mesmo material foram localizados após a reconstrução do hospital, depois de um terremoto em 1746.

Após deixar de ser hospital, o lugar se tornou uma clínica psiquiátrica para crianças abandonadas. Mais tarde, deu espaço para uma escola pública cujo parque infantil estava localizado logo acima do cemitério.

No século passado, uma delegacia foi construída em parte do imenso terreno e áreas independentes viraram restaurantes, lojas e edifícios residenciais. Em 2007, um novo terremoto atingiu o complexo.