• Redação Galileu
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Ancestral de lagartos modernos é descoberto em âmbar de 110 milhões de anos em Mianmar (Foto: Reprodução Scientific Reports)

Ancestral de lagartos modernos é descoberto em âmbar de 110 milhões de anos em Mianmar (Foto: Reprodução Scientific Reports)

Em um estudo publicado em janeiro na revista Scientific Reports, uma equipe internacional de pesquisadores descreve uma nova espécie de lagarto que viveu há 110 milhões de anos, durante o Cretáceo Inferior. Preservado em âmbar, o fóssil foi descoberto em 2017 em uma mina em Mianmar.

O curioso é que, a partir de uma análise detalhada do espécime, os cientistas o descreveram como um ancestral de espécies que hoje são encontradas apenas na América Central e no sudoeste dos Estados Unidos — bem longe do país no Sudeste Asiático.

(a) Fotografia do espécime dentro da resina âmbar em vista dorsal. (b–d) Renderização de TCAR da superfície do tegumento. Observe que o tegumento não é visível na fotografia, pois pode ser preservado como uma camada translúcida. (b) vista dorsal do corpo, (c) lado ventral da cabeça, (d) vista lateral esquerda e (e) vista lateral direita da cabeça. A cor esverdeada indica a pele, o marrom claro indica os ossos preservados no interior. (Foto: Reprodução Scientific Reports)

(a) Fotografia do espécime dentro da resina âmbar em vista dorsal. (b–d) Renderização de TCAR da superfície do tegumento. Observe que o tegumento não é visível na fotografia, pois pode ser preservado como uma camada translúcida. (b) vista dorsal do corpo, (c) lado ventral da cabeça, (d) vista lateral esquerda e (e) vista lateral direita da cabeça. A cor esverdeada indica a pele, o marrom claro indica os ossos preservados no interior. (Foto: Reprodução Scientific Reports)

Quem encontrou o fóssil pela primeira vez foram os gemólogos Nyi Nyi Aung, de Mianmar, e Adolf Peretti, do laboratório suíço GRS Gemresearch. O achado ocorreu entre centenas de milhares de peças de âmbar da região de Khamti recuperadas por garimpeiros indígenas locais. O espécime, então, viajou pelo mundo para ser analisado a partir de tecnologias modernas.

Em alguns aspectos morfológicos, o lagarto antigo — batizado de Retinosaurus hkamtiensis —lembra os xantusídeos, família de répteis da qual fazem parte os lagartos noturnos. Isso principalmente em relação ao arranjo de suas escamas, que junto de parte do esqueleto foram preservadas na resina vegetal. As pálpebras, por sua vez, são visíveis, ao contrário de seus parentes modernos — neles, as pálpebras são fundidas em uma escama transparente, assim como nas cobras.

A semelhança do fóssil com espécies atuais sugere que ele pode ter sido ativo em micro-habitats como fendas em rochas ou sob troncos. A descoberta empolgou os cientistas. “Tivemos a rara oportunidade de estudar o esqueleto articulado, mas também descrever a aparência externa do lagarto, da mesma forma que os herpetólogos (especialistas em anfíbios e répteis) estudam as espécies modernas”, celebra, em nota, Juan Diego Daza, professor associado da Universidade Estadual Sam Houston, nos EUA, e um dos autores da pesquisa.