• Redação Galileu
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Cera de abelha com uma marca espanhola do navio naufragado e destroços da embarcação na praia de Nehalem em Oregon, nos EUA (Foto: Centro e Museu de História de Cannon Beach/ Sociedade Arqueológica Marítima)

Cera de abelha com uma marca espanhola do navio naufragado e destroços da embarcação na praia de Nehalem em Oregon, nos EUA (Foto: Centro e Museu de História de Cannon Beach/ Sociedade Arqueológica Marítima)

Enquanto explorava uma caverna na costa de Oregon, nos Estados Unidos, o pescador Craig Andes encontrou pedaços de madeira de um navio afundado no século 17. A identidade da embarcação comercial, conhecida como Santo Cristo de Burgos, foi confirmada por arqueólogos, conforme anúncio de 18 de junho da Sociedade Arqueológica Marítima (da sigla em inglês, MAS).

Segundo o site britânico Daily Mail, Andes relatou a descoberta ao grupo de pesquisadores em 2020, que estudou os destroços em colaboração com o Departamento de Parques e Recreação de Oregon, o Museu Columbia River Maritime e agências locais. Os especialistas realizaram datação por radiocarbono na madeira do barco, concluindo que se tratava mesmo do navio espanhol visto por último ao deixar as Filipinas em direção ao México em 1693.

Madeira do casco do navio Santo Cristo de Burgos (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima)

Madeira do casco do navio Santo Cristo de Burgos (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima)

A embarcação, que provavelmente se desviou do curso e naufragou perto de Manzanita, no Oregon, inspirou o filme do cineasta Steven Spielberg, “Os Goonies” (1985), no qual um grupo de crianças segue um mapa do tesouro que leva à fortuna de um pirata.

“O navio transportava muitas toneladas de cera de abelha, em grandes blocos e velas, e muitos dos blocos têm marcas espanholas”, conta a MAS, em comunicado. Os pesquisadores do grupo acreditam que a cera servia para fabricar as velas para cerimônias católicas, sendo enviadas da Ásia para as colônias espanholas no México nos séculos passados.

O barco também transportava uma grande e diversificada carga de porcelana chinesa destinada aos mercados do "Novo Mundo". As peças foram datadas entre os anos 1680 a 1700. A equipe de pesquisadores realizou uma investigação de 14 anos sobre a embarcação, explorando seus restos finalmente em meados de junho de 2022. 

De acordo com o MAS, histórias orais dos índios Nehalem e diários dos primeiros comerciantes da área indicam que o navio com artigos luxuosos asiáticos naufragou antes da colonização europeia e da maior parte dessa exploração no noroeste do Pacífico. Outros  fragmentos de porcelana chinesa já foram descobertos em sítios arqueológicos próximos, incluindo alguns modificados por pontas de projéteis dos indígenas.

Fragmentos de porcelana chinesa faziam parte da carga transportada pelo navio espanhol que afundou na costa do Oregon há quase 300 anos (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima )

Fragmentos de porcelana chinesa faziam parte da carga transportada pelo navio espanhol que afundou na costa do Oregon há quase 300 anos (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima )

“Esses cacos exibem motivos de design que indicam que foram fabricados na China no final do século 17 e se destinavam à exportação para os mercados europeus da América Central e do Sul”, afirma a instituição. “A análise dos motivos do desenho indica que a maioria da porcelana foi fabricada em algum momento entre 1680 e 1700 d.C”.

Artefato encontrado na carga do navio naufragado Santo Cristo de Burgos (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima)

Artefato encontrado na carga do navio naufragado Santo Cristo de Burgos (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima)

Os restos do Santo Cristo de Burgos estavam na região da praia de Nehalem, no condado de Tillamook, longe das rotas de navegação espanholas e assentamentos espanhóis. Segundo as histórias orais contadas pelos indígenas, parte da tripulação sobreviveu ao naufrágio e conviveu com esse povo no litoral por algum tempo, formando famílias e descendentes .

De acordo com o Ancient Origins, não se sabe o que ocorreu exatamente, mas acredita-se que o navio se perdeu e acabou a centenas de quilômetros ao norte de seu destino planejado. O barco se chocou com uma ilha de dunas de areia conhecida como Nehalem Spit, a 6 km ao sul de Manzanita. 

Porém, eventualmente, as ondas oceânicas levaram os destroços até a costa norte de Oregon. Finalmente descobertas, as madeiras do navio que afundou há mais de 300 anos foram transferidas para o Museu Marítimo do Rio Columbia para preservação e estudo mais aprofundado. 

Bloco de cera de abelha encontrado entre os destroços do navio  (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima)

Bloco de cera de abelha encontrado entre os destroços do navio (Foto: Sociedade Arqueológica Marítima)