• Redação Galileu
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Os arqueólogos estudaram fragmentos de ossos de animais para estimar a dieta da população humana local (Foto: Tikva Steiner/Hebrew University)

Os arqueólogos estudaram fragmentos de ossos de animais para estimar a dieta da população local (Foto: Tikva Steiner/Hebrew University)

Seca, desertificação e uma queda brusca no nível do mar: estes são alguns efeitos que a última Idade do Gelo causou no planeta. Enquanto as populações que viviam em regiões como América do Norte, Norte da Europa e Ásia padeciam com a fome, um grupo de sobreviventes na região da Galileia prosperava. Escolhiam quais animais caçariam para se alimentar, tinham abundância de plantas comestíveis e até capturavam tartarugas para usar os cascos como utensílios. A experiência próspera do grupo em meio ao período de escassez para o planeta foi relatada por pesquisadores na revista PLOS ONE, na última quarta-feira (26).

Os arqueólogos do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém (HU) fizeram a descoberta enquanto estudavam o sítio Ohalo II, nas margens sul do Mar da Galileia. O local, ocupado por humanos a cerca de 22,5 mil anos atrás, só passou a ser analisado por cientistas em 1989. Foi quando uma seca fez o nível do mar baixar e finalmente revelou a existência do sítio arqueológico de cerca de 2 mil metros de extensão.

Entre os achados no local estão os restos de seis cabanas, lareiras, a sepultura de um homem e diversas instalações. A partir destes e de outros materiais, como carcaças de animais e utensílios domésticos e de caça, os arqueólogos israelenses conseguiram estimar o modo de vida e os hábitos de alimentação deste povo há mais de 22 mil anos, quando o planeta vivia o final da última Idade do Gelo.

A variedade de restos de animais permitiu concluir que havia abundância de opções para alimentação. A estimativa é que alguns animais, inclusive, eram caçados com outros propósitos que não este. “Tartarugas foram aparentemente selecionadas para um tamanho corporal específico, o que pode sugerir que seus cascos para uso como tigelas – e não sua carne – eram o alvo principal. A lebre e a raposa possivelmente foram caçadas por suas peles”, explica em nota Steiner, líder do estudo e estudante de doutorado da HU.

Ao todo, os pesquisadores estudaram 22 mil ossos de animais encontrados no local, incluindo gazelas, veados, lebres e raposas. Também foram encontrados grãos de cereais, o que sugere que havia plantas comestíveis no local. A rica diversidade de fontes de alimentos revela, segundo os autores do estudo, que a última Idade do Gelo, no início do período Epipaleolítico, não foi exatamente um período de carência em todos os cantos do mundo.