• Redação Galileu
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Veados-de-cauda-branca foram infectados por pelo menos três variantes do Sars-CoV-2 nos EUA  (Foto: Wikimedia Commons )

Veados-de-cauda-branca foram infectados por pelo menos três variantes do Sars-CoV-2 nos EUA (Foto: Wikimedia Commons )

Veados-de-cauda-branca que vivem livres no estado de Ohio, nos Estados Unidos, foram infectados por pelo menos três variantes do Sars-CoV-2, segundo estudo publicado no dia 23 de dezembro na revista Nature.






Esta é a primeira vez que especialistas confirmam casos ativos de Covid-19 na espécie com base em experimentos de amostras do vírus em laboratório. Anteriormente, as evidências da doença em veados selvagens se restringiam a traços, como a presença de anticorpos contra o Sars-CoV-2.

Desta vez, os cientistas fizeram o sequenciamento genômico do vírus entre janeiro e março de 2021, com base nos swab nasais de 360 ​​veados-de-cauda-branca, provenientes de nove locais no nordeste de Ohio.

Por meio de testes de PCR, os cientistas detectaram o material genético de pelo menos três cepas diferentes do vírus em 129 (35,8%) dos veados. As variantes eram B.1.2, B.1.582 e B.1.596, circulantes nos Estados Unidos. Cada local de coleta foi visitado de uma a três vezes, totalizando 18 datas de amostragens.






Os sequenciamentos da Alfa (B.1.1.7) e Delta (B.1.617.2) não ocorreram porque as cepas só se tornaram comuns entre humanos após fevereiro de 2021, não havendo tempo hábil para estudá-las nos animais.

Mas com base nas descobertas, os pesquisadores estimaram que a prevalência da infecção pelo Sars-CoV-2 variou de 13,5% a 70% nos nove locais, sendo mais alta em quatro áreas cercadas por bairros mais densamente povoados.

O vírus pode passar de humanos para veados?

A análise revelou que a cepa B.1.1, dominante em Ohio nos primeiros meses de 2021, se espalhou por populações de veados várias vezes. Uma possível explicação é que os humanos estejam transmitindo o vírus aos animais, segundo Andrew Bowman, líder do estudo.

“A teoria em andamento, baseada em nossas sequências, é que os humanos estão passando [o vírus] aos cervos e, aparentemente, nós o demos a eles várias vezes”, Bowman conta em comunicado. “Temos evidências de seis introduções virais diferentes nessas populações de veados”, acrescenta. 

Com isso, os cervos infectados podem ser uma futura fonte potencial de Sars-CoV-2, temem os cientistas. “Isso pode complicar os planos futuros de mitigação e controle para a Covid-19”, alerta Bowman.

Cientistas conduziram swab nasais em 360 ​​veados-de-cauda-branca no estado norte-americano de Ohio (Foto: Wikimedia Commons )

Cientistas conduziram swab nasais em 360 ​​veados-de-cauda-branca no estado norte-americano de Ohio (Foto: Wikimedia Commons )

Os pesquisadores também especulam que os veados-de-cauda-branca tenham sido infectados ao beberem água contaminada, já que o coronavírus é eliminado em fezes humanas e pode ser detectável em água residual.

Mas ainda existem muitas dúvidas sobre o assunto. A equipe ainda está analisando mais amostras para verificar se há novas variantes nos animais que indiquem se o vírus pode se estabelecer de modo prolongado neles.