• Redação Galileu
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Vikings já estavam na América há exatamente 1 mil anos, conclui estudo (Foto: R. Klaarenbeek)

Vikings já estavam na América há exatamente 1 mil anos, conclui estudo. Acima, o mapa mostra os principais assentamentos da Groelândia de onde os vikings saíram e as regiões que eles nomearam como Helluland, Markland e Vinland (Foto: R. Klaarenbeek)

Os vikings foram os primeiros europeus a cruzarem o Atlântico — realizando essa jornada séculos antes de Cristóvão Colombo. No passado, evidências físicas da presença desses povos foram encontradas na região de L'Anse aux Meadows, localizada na província canadense de Terra Nova e Labrador. Agora, um time internacional de pesquisadores deu um passo a mais e, pela primeira vez, comprovou cientificamente que os vikings já estavam na América desde 1021 d.C., ou seja, há exatamente 1 mil anos.

Embora a ocupação viking em terras americanas fosse conhecida, nunca havia sido possível datar de forma precisa suas atividades por aqui. As estimativas existentes se baseavam, principalmente, nas Sagas Islandesas. Um dos grandes problemas é que elas surgiram como histórias orais, sendo escritas centenas de anos depois do acontecimento dos fatos que descrevem e, por vezes, apresentando contradições e trechos fantasiosos, com poucos indícios arqueológicos para sustentá-los.

Em artigo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (20), pesquisadores mostram, com base em métodos científicos, que os vikings habitaram a América em 1021 d.C. O ano marca também o primeiro período conhecido na história em que o oceano Atlântico foi cruzado, fazendo com que o processo de migração da humanidade atingisse o planeta inteiro.

Para chegar a tal constatação, foi necessário estudar os anéis de crescimento três peças de madeira retiradas de diferentes árvores. Além de pertencerem a contextos arqueológicos associados aos vikings, elas exibiam claras evidências de cortes por lâminas de metal, um instrumento não produzido pelas populações indígenas locais.

Vikings já estavam na América há exatamente 1 mil anos, conclui estudo (Foto: M. Kuitems)

Dos quatro materiais disponíveis, três foram utilizados pelos pesquisadores. Os trechos marcados com "X" indicam de onde as amostras estudadas foram retiradas, enquanto as barras pretas representam 5 centímetros (Foto: M. Kuitems)

Uma vez com os materiais, os especialistas analisaram tanto os anéis quanto as concentrações atmosféricas de radiocarbono. Foi o resultado dessa associação que os levou ao ano de 1021 d.C. Isso porque entre 992 e 993 d.C. uma tempestade solar massiva aumentou significativamente a produção de radiocarbono, deixando "marcas" em diversas árvores ao redor do mundo.

“Encontrar sinais da tempestade solar em 29 anéis de crescimento (ou seja, 29 anos) das cascas nos permitiu concluir que a atividade de corte aconteceu em 1021 d.C.”, afirma, em nota, Margot Kuitems, da Universidade de Groningen, na Holanda.

Daqui para frente, cabe a novas pesquisas descobrir quantas expedições transatlânticas os vikings realizaram, a sua duração e o seu impacto — como transferência de conhecimento e eventuais intercâmbios de informações genéticas e doenças. Até o momento, os dados sugerem que essas movimentações tiveram vida curta e deixaram legados culturais e ecológicos pequenos para a América.