• Redação Galileu
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Ratos geraram custo de 5,5 bilhões de euros na Europa em 60 anos, segundo especialista  (Foto: Senckenberg / G.Daley)

Ratos geraram custo de 5,5 bilhões de euros na Europa em 60 anos, segundo especialista (Foto: Senckenberg / G.Daley)

Uma espécie invasora é aquela introduzida em uma região fora de sua área nativa, podendo ameaçar o equilíbrio de um ecossistema inteiro. Nesses casos, controle, monitoramento e erradicação geram custos elevados a governos de várias partes do mundo. No caso da Austrália e de países da Europa, os gastos para conter esse problema nos últimos 60 anos estão na casa dos bilhões, segundo revela um estudo publicado nesta sexta-feira (30), no jornal científico Neobiota.

A pesquisa estima que as espécies não nativas causaram prejuízos de mais de 116 bilhões de euros no continente europeu, com o Reino Unido, Espanha, França e Alemanha ocupando os primeiros lugares dentre os países que mais arcaram com esses custos. Só na nação germânica, os gastos superaram 8 bilhões de euros (R$ 49 bilhões).






Entre as espécies invasoras destacadas como as mais custosas na Europa estão ratos, plantas Ambrosia artemisiifolia, o coelho-europeu (Oryctolagus cuniculus), o besouro-verde (grilus planipennis) e a lagarta Gyrodactylus salaris.

"Só os ratos causaram custos de cerca de 5,5 bilhões de euros na região europeia em 60 anos", destaca Phillip J. Haubrock, especialista do Instituto de Pesquisa Senckenberg, na Alemanha, em comunicado. Segundo ele, há muitos motivos que explicam as imigrações de espécies, como turismo, aquecimento global, comércio e o tráfico ambiental. “A Alemanha, com sua localização central, pratica comércio intensivo com outros países, o que certamente é uma das principais causas de propagação e introdução de espécies invasoras", explica o biólogo.

Espécie de planta invasora Parthenium hysterophorus (Foto: Wikimedia Commons )

Espécie de planta invasora Parthenium hysterophorus (Foto: Wikimedia Commons )

O problema na Austrália

Já no país da Oceania, as espécies invasoras custaram mais de 389 bilhões de dólares australianos, o equivamente a R$ 1,4 trilhão. Os custos com plantas invasoras foram os piores, totalizando mais de US$ 151 bilhões, segundo um estudo publicado também nesta sexta-feira no periódico NeoBiota. Entre as espécies vegetais mais custosas estão Lolium rigidum, Parthenium hysterophorus e Senecio jacobaea.

Além disso, mamíferos e insetos não nativos custaram ao governo australiano 48,63 bilhões e 11,95 bilhões de dólares, respectivamente. Gatos, coelhos-europeus e formigas-vermelhas (Pogonomyrmex barbatus) foram os que demandaram mais gastos.

As 10 espécies invasoras que mais geram custos na Austrália  (Foto: Professor Corey Bradshaw, Flinders University)

As 10 espécies invasoras que mais geram custos na Austrália (Foto: Professor Corey Bradshaw, Flinders University)

Para chegarem às estimativas, os pesquisadores utilizaram dados do banco InvaCost, que avalia os danos globais de espécies invasoras. Ainda assim, os autores do levantamento acreditam que os danos econômicos com essas espécies podem ser ainda maiores na prática. “Podemos razoavelmente presumir que sem melhores investimentos e intervenções coordenadas, incluindo o abate de animais, a Austrália continuará a perder bilhões de dólares em espécies invasoras nas próximas décadas”, comenta Corey Bradshaw, professor da Universidade Flinders, na Austrália.

E as perdas não são apenas financeiras. "Existem muitos outros tipos de custos economicamente intangíveis decorrentes de espécies invasoras que ainda não medimos adequadamente em toda a Austrália, como a verdadeira extensão dos danos ecológicos, perda de valores culturais e a erosão dos serviços ecossistêmicos, ou seja, os muitos benefícios humanos que extraímos do meio ambiente, como alimentos e água”, acrescenta Bradshaw.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com.