A enfermeira obstétrica Anna Pascarella revelou as coisas mais bizarras que ouviu os pais dizerem durante o trabalho de parto das esposas. Ela, que auxilia médicos e mães no parto e nos cuidados pós-parto, disse que já ouviu desde o "ponto do marido" até pais repetindo várias vezes para as esposas que dar à luz “não foi tão difícil. Outro chegou a questionar se a vagina voltaria ao normal. Pascarella fez um vídeo no TikTok falando sobre os "comentários sarcásticos". As revelação foram compartilhadas pelo tabloide britânico Daily Mail.
Ela conta que muitos dos comentários dos homens centraram-se no corpo da parceira, com um deles questionando se “a [vagina] nunca mais seria a mesma” depois do parto. Alguns perguntaram se era possível realizar o ponto do marido – uma prática médica ultrapassada. De acordo com o Daily Mail, o ponto extra era destinado a "auxiliar" na cicatrização da vagina para relações sexuais, mas não possui benefícios comprovados e geralmente causa dor e desconforto à nova mãe.
"O ponto do marido é um ponto que se faz ao término da sutura de uma episiotomia, onde se 'aperta' a entrada da vagina, com o intuito de torná-la mais estreita, teoricamente aumentando a satisfação sexual do marido", explica a ginecologista e obstetra Flávia Maciel Aguiar, coordenadora do grupo Geração Mãe, de Ribeirão Preto (SP). Motivo de muita revolta, principalmente, é claro, entre as mulheres, o ponto é considerado uma prática que configura machismo e violência obstétrica.
No vídeo, ela também relata que, em um dos casos, o pai perguntou como poderia realizar um teste de paternidade enquanto a mulher estava nas contrações de expulsão. Outro questionou se "isso [o parto] realmente dói tanto assim?". Enquanto um terceiro insistiu: "Não, não, não, ela não precisa de nada para a dor", exigindo que a parceira tivesse um parto natural, mesmo ela pedindo analgesia.
Parto Humanizado:
Segundo a enfermeira, muitas mulheres já evitaram o uso de analgésicos pré-parto, pois o marido recusou-se a pagar a conta hospitalar de 8 mil dólares [cerca de R$ 40 mil] porque a esposa escolheu o "luxo" de uma epidural. Alguns pais foram simplesmente ignorantes e imprudentes sobre a situação. "Quando você acha que ela terá o bebê? Porque estou com muita fome e preciso ir buscar comida", perguntou um deles à enfermeira.
"Por que está demorando tanto?", reclamou outro. Um terceiro bocejou e lamentou: "Minhas costas estão doendo muito por dormir naquela cadeira". Alguns, segundo ela, repreenderam suas esposas por serem consideradas "carentes" e "barulhentas" durante o trabalho de parto. "Você está realmente dando o seu melhor?", perguntou um enquanto sua esposa empurrava e vomitava. "Você precisa ficar mais quieto, está falando muito alto", disse outro. Teve até marido que escolheu seu trabalho em vez de sua família. "Não posso segurar sua mão agora, preciso atender esta ligação. Já volto”, disse um pai enquanto atendia o telefone que tocava.
Nos comentários do vídeo, várias pessoas expressaram indignação. Uma delas comentou: "Isso parte meu coração pelas mulheres que têm que lidar com dois bebês ao mesmo tempo - um deles sendo um filho homem gigante". Outra pessoa, que parece ser também enfermeira obstétrica, compartilhou uma experiência: "Certa vez, um pai perguntou: 'você pode dar um ponto extra?' (ODEIO essa pergunta), e a resposta do obstetra foi: 'você não pode simplesmente deixar seu pênis crescer?'". Houve ainda uma pessoa que sugeriu aos pais curso com aulas obrigatórias de paternidade explicando o que acontece com o corpo feminino a cada segundo da gravidez e do parto, sem exceções.