Uma mãe estava com seu bebê na fila de espera para atendimento da Unidade de Pronto-Atendimento, de Marataízes, no Espírito Santo, quando uma mulher e uma senhora começaram a conversar com ela. Até aí, parecia um bate-papo inofensivo, para passar o tempo mesmo. “Nesse dia, o hospital estava lotado”, conta Thayssa Barbiere, em entrevista exclusiva a CRESCER. Depois de fazer a triagem, a mãe e o pequeno voltaram para a sala de espera e, em alguns minutos, notou que as duas mulheres estavam brincando com seu bebê, Liam, 9 meses. “Ele ri para todo mundo, é dado”, explica. “Eu não as conhecia e não falei nada, mas vi que ele ria de volta para as brincadeiras”, lembra.
![Thayssa fez o alerta para evitar que outros pais fiquem atentos — Foto: Arquivo pessoal](https://cdn.statically.io/img/s2-crescer.glbimg.com/C-E__Sj001zPkrjbiCvdupnnZws=/0x0:1570x1226/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2024/f/v/BkTqGvQ3SS8vLJOkh3Hg/bebe-upa.jpg)
Quando vagaram assentos ao lado dela, as duas se sentaram e começaram a puxar assunto. “Elas disseram que meu filho era muito simpático, que era lindo e eu agradeci”, conta Thayssa. “Então, a mulher falou que também tinha um bebê e que estava com ele no hospital semana passada. Perguntei se ele estava bem, ela disse que sim. Aí, ela disse que meu bebê se parecia muito com o filho dela”, diz a mãe. “Não parece com o Ravi, mãe?”, a mulher teria perguntado a outra senhora, que seria mãe dela, avó do bebê.
Em seguida, a mulher teria mostrado fotos e vídeos do bebê, enquanto continuava brincando com o filho de Thayssa. “Meu filho ria e pulava bastante. Uma hora, a mãe da mulher, disse para mim: ‘Nossa, você deve estar cansada. Vi que, desde quando você chegou, ele não para. É muito agitado, né? Se você quiser eu seguro um pouco, para você descansar os braços’. Eu agradeci, mas disse que não precisava”, lembra a mãe. A mulher ainda insistiu e ela, novamente, recusou, agradecendo.
Segundo a mãe, a senhora colocou um vídeo de desenho para ele assistir e descansar, e as mulheres continuaram a conversa. Disse que ele não parecia ter apenas 9 meses, por ser grande. “Aí ela perguntou se eu tinha colocado na creche. Eu disse que não porque achava que ele ainda era muito dependente de mim e que eu não me sentia segura. Ela disse que trabalhava em uma creche e eu perguntei qual. Ela disse o nome e eu disse que conhecia porque minha tia já tinha trabalhado lá. Então, a mulher falou que conhecia minha tia e eu acho que, nesse momento, relaxei. Comecei a tratá-la como uma conhecida e baixei a guarda”, diz Thayssa.
A mãe lembra de ter mencionado que tinha outro filho, Henry, 1 ano e 11 meses, e de dizer que ele estava em uma creche. Na conversa, ela contou que o matriculou primeiro em uma escola particular, mas ele não tinha se adaptado. Então, mudou para a creche pública e ele gostou. “Ela perguntou qual creche era e eu falei o nome”, confessa. “Ela disse que conhecia a creche, pediu para ver foto do meu filho mais velho. A imagem estava na minha tela de bloqueio do celular. Meu marido ligou e acendeu”, diz.
A desconhecida fazia muitas perguntas sobre a creche, perguntou à Thayssa se ela pretendia colocar o bebê na mesma creche que o mais velho frequentava, se colocaria meio período... “Ela mostrava fotos do neto dela, que parecia muito com o meu filho, repetia isso. Não desconfiei”, afirma.
Um pouco depois, chegou a vez de Thayssa ser atendida e, ao sair do consultório, ainda pensou em se despedir das duas, mas elas não estavam mais lá. “Fui caminhando em direção à frente da UPA, porque meu marido ia me buscar”, conta. “Então, do nada, um homem veio correndo por trás de mim e puxou meu bebê pelos braços. Eu puxei pelas pernas, dizendo alto que não ia dar”, relata. “Eu nunca tinha visto aquele homem na minha vida”, conta.
Depois, o homem teria dito que era marido daquela senhora e que meu bebê se parecia muito com o netinho dele. “Ele continuou insistindo para pegar no colo e eu disse que não daria. Pedi para ele se afastar”, diz a mãe. “Ele viu que tinha alguns policiais na frente e todos estavam olhando. Então, se afastou uns dois passos. Nessa hora, meu marido chegou e entrei no carro”, continua. “Eu estava enxergando tudo preto porque acho que minha pressão estava no chão”, acrescenta ela, que, a essa altura, já sentia as pernas bambas.
Imediatamente, os pais ligaram para a escola do filho mais velho, reforçando que não era para autorizar ninguém a buscá-lo, a não ser Thayssa ou o marido. Como ela tinha dito o nome da creche na conversa, a família ficou apavorada.
Felizmente, a situação foi apenas um susto, mas Thayssa aprendeu com a experiência. Ela diz que o mais chocante é que ela é sempre atenta a esse tipo de perigo e até costuma compartilhar alertas com o marido, nas redes sociais, para tomarem cuidado. "Mas a gente não imagina que vai acontecer ali, em um pronto-atendimento lotado, cheio de gente, com a polícia na frente. Você imagina um local deserto, afastasdo, mais vazio, outras situações, em que estamos indefesos", aponta. "Serviu de lição para nunca abrir o bico para estranhos, por mais inofensivos que pareçam”, completa.